Poucos artistas na história da música ousaram explorar culturas diferentes de forma tão genuína e respeitosa quanto Michael Jackson. O Rei do Pop não apenas criou músicas e videoclipes icônicos; ele construiu pontes culturais que atravessaram fronteiras, sem jamais cair na armadilha da apropriação cultural.
Em uma época em que outros artistas tropeçaram na tentativa de “homenagear” culturas alheias, Michael encontrou uma forma única de enaltecer essas tradições, transformando-as em arte universal. Com sua visão artística inigualável, ele não apenas evitou a superficialidade; ele fez questão de mergulhar fundo, de ouvir, aprender e respeitar.
Um exemplo inesquecível dessa abordagem está no videoclipe de They Don’t Care About Us. Filmado nas ladeiras do Pelourinho, em Salvador, e na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, Michael não apenas mostrou ao mundo a força do Olodum, mas elevou a cultura afro-brasileira ao status global.
Ao som das batidas poderosas dos tambores e dos ecos de resistência do Olodum, o artista entregou uma obra-prima que mesclava protesto, identidade e celebração cultural. Ele não foi um estrangeiro explorando exotismo; foi um aliado amplificando vozes e histórias que precisavam ser ouvidas.
Em Black or White, Michael mostrou que a música pode ser um verdadeiro agente de união. Com um videoclipe revolucionário para a época, ele trouxe ao palco global uma mensagem de igualdade racial e harmonia. Do oeste africano à Índia, do norte-americano ao asiático, Michael usou a dança e a música como linguagem universal.
A cena final, onde rostos de diferentes etnias se transformam em um só, não era apenas tecnologia de ponta – era uma metáfora poderosa para a unidade humana. Ele não apenas declarou que “não importa se você é preto ou branco”, mas visualizou um mundo onde essas distinções não dividem.
O impacto cultural de Michael transcende suas músicas.
Ele era um contador de histórias que sabia que cada detalhe – da locação ao figurino, dos instrumentos à coreografia – carregava significado. E ele escolhia esses elementos com uma reverência impressionante. Em vez de simplificar ou caricaturar, ele se cercava de artistas, músicos e dançarinos locais que traziam autenticidade ao seu trabalho. Ele entendia que cada cultura tem uma voz única e se colocava como um canal para amplificar essas vozes, nunca para abafá-las.
Enquanto artistas contemporâneos às vezes caem na armadilha de usar elementos culturais como adornos descartáveis, Michael Jackson demonstrou que o respeito e a colaboração são o caminho para a verdadeira arte. Seu trabalho com o Olodum, por exemplo, resultou em uma explosão de visibilidade para a cultura afro-brasileira, cujos ecos são sentidos até hoje.
Salvador se tornou cenário de um dos momentos mais impactantes da história da música pop, mas, acima de tudo, o foco nunca saiu das pessoas e das histórias que ele buscava contar.
O legado de Michael vai além das paradas musicais ou dos recordes. Ele nos mostrou que a arte pode, e deve, ser um reflexo das nossas melhores aspirações como sociedade. Suas obras-primas They Don’t Care About Us e Black or White continuam relevantes, talvez até mais hoje do que na época de seus lançamentos. Elas são lembretes de que, em um mundo cada vez mais dividido, a arte pode unir, inspirar e provocar mudanças.
Michael Jackson não apenas criou música; ele criou diálogos entre culturas. Em um mundo repleto de divisões e incompreensões, ele nos deu uma visão de como poderia ser – e deveria ser – a verdadeira globalização cultural: uma celebração das diferenças, uma dança em harmonia. Ele fez do mundo seu palco, mas, mais do que isso, transformou esse palco em um lugar onde todos pertencem.
The best forever…I miss you Michael Jackson 😪😪😪