Por que ‘Thriller’ ainda é o maior curta-metragem musical de todos os tempos?

Era 2 de dezembro de 1983 quando Michael Jackson redefiniu o conceito de videoclipe. Com o lançamento do curta-metragem de Thriller, o mundo testemunhou uma obra-prima cinematográfica que fundiu terror, dança e música de forma inédita. Mais do que apenas um clipe, Thriller era uma narrativa visual que transcendeu barreiras artísticas, transformando Jackson em um ícone cultural eterno.

No início daquela década, Michael já estava pavimentando um novo caminho na indústria com os vídeos de Billie Jean e Beat It. Esses curtas não apenas destacaram sua genialidade como performer, mas também ajudaram a consolidar a relevância da MTV, um canal emergente na época. Mais importante, Michael Jackson quebrou barreiras raciais, tornando-se o primeiro artista negro a conquistar um espaço expressivo na emissora, enquanto levava a dança contemporânea a um novo patamar de sofisticação.

Com o estrondoso sucesso do álbum Thriller, Jackson enxergou uma oportunidade: criar um curta-metragem para a faixa-título e estender a dominância do disco nas paradas. Contudo, a gravadora CBS recusou-se a financiar o projeto, alegando que o álbum já havia superado expectativas de vendas. Não aceitando um “não” como resposta, Michael decidiu investir do próprio bolso, unindo-se ao visionário diretor John Landis para transformar seu sonho em realidade.

Landis, famoso por seu trabalho em Um Lobisomem Americano em Londres, trouxe para Thriller um olhar cinematográfico sofisticado. Com Rick Baker, lendário maquiador vencedor do Oscar, a transformação de Michael em um zumbi e em um lobisomem ganhou um realismo impressionante. A produção foi tratada como um filme de Hollywood, elevando o videoclipe a um novo nível de arte.

A estreia de Thriller na MTV, promovida como um evento mundial, gerou uma expectativa sem precedentes. Quando finalmente foi ao ar, o mundo parou para assistir. A mistura de terror, comédia e dança coreografada com precisão hipnotizante rapidamente transformou Thriller em um fenômeno global. Não apenas o single retornou ao Top 10, mas o álbum reassumiu o topo das paradas, consolidando-se como o mais vendido de todos os tempos.

Além disso, a ideia de incluir os bastidores da produção como um documentário, lançado em VHS sob o título The Making of Thriller, revelou a genialidade por trás das câmeras. Esse movimento estratégico não apenas garantiu o financiamento, mas também deu ao público uma visão inédita do processo criativo de Jackson e sua equipe, ampliando ainda mais a lenda de Thriller.

A cena icônica do cemitério, com zumbis dançando em perfeita sincronia, não apenas redefiniu o conceito de coreografia em vídeos musicais, mas também imortalizou movimentos que seriam replicados por décadas. A energia contagiante da dança e o arrepio do terror criaram uma obra que continua sendo uma referência inigualável na música e na cultura pop.

Quarenta e dois anos depois, Thriller permanece uma revolução em movimento. Seja em coreografias modernas, nos clipes que tentam emular sua grandeza ou nas fantasias de Halloween inspiradas nos zumbis dançantes, o legado de Michael Jackson continua a ecoar, provando que, naquela noite de dezembro, o terror não apenas dançou — ele fez história.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *