A Trilha Sonora de um Gênio: Os álbuns que inspiraram Michael Jackson

A Trilha Sonora de um Gênio: Os álbuns que inspiraram Michael Jackson

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A trilha sonora que moldou uma lenda talvez não seja exatamente aquela que seus fãs imaginam. Quando se fala em Michael Jackson, o instinto é pensar imediatamente em batidas eletrizantes, refrões colossais e espetáculos grandiosos. Mas por trás do brilho dos palcos, o Rei do Pop carregava um repertório pessoal que surpreende: clássicos da música erudita, pérolas do soul, trilhas cinematográficas e o puro ouro da Motown.

Para entender Michael, é preciso ouvir o que ele ouvia — uma tapeçaria sonora tão rica e diversa quanto sua própria arte.

Em uma rara entrevista para o projeto The Shooter Series, Michael revelou o íntimo mapa sonoro que ajudou a construir sua genialidade. Seus álbuns favoritos iam do icônico Quebra-nozes, de Tchaikovsky, até os grandes sucessos de Claude Debussy — composições como Clair de Lune, Arabesque e Afternoon of a Faun. Não é difícil imaginar como essas obras, delicadas e cheias de emoções profundas, inspiraram a sensibilidade melódica que se tornou marca registrada de canções como Human Nature ou Stranger in Moscow.

Mas o lado clássico era apenas uma face de seu gosto eclético. Michael também encontrava combustível criativo no fogo incandescente do soul e do funk. Ele citava álbuns como What’s Going On, de Marvin Gaye, e Live at the Apollo, de James Brown — dois artistas que personificavam a energia crua, o engajamento social e a maestria performática que Michael absorveu como poucos. A cada passo de dança preciso e a cada clamor por um mundo melhor, pode-se ouvir ecos desses mestres vibrando através dele.

O teatro musical, com sua narrativa emocionante e melodias arrebatadoras, também tinha um lugar especial em seu coração. Obras dos lendários Rodgers e Hammerstein, assim como a trilha sonora de A Noviça Rebelde, deixaram marcas profundas. Michael adorava a habilidade desses compositores de contar grandes histórias em poucos minutos — algo que ele levaria consigo na criação de videoclipes revolucionários, que eram pequenos filmes em si.

Dentro da esfera do pop e do R&B, Michael reverenciava as criações da Motown, em especial o trio de compositores Holland-Dozier-Holland, responsáveis por uma sequência de hits que definiram uma geração. Stevie Wonder, outro de seus grandes ídolos, merecia um capítulo à parte: Michael expressava admiração absoluta por álbuns como Talking Book e faixas como Living for the City, descrevendo-os como “fantásticos” em sua arquitetura musical e poder emocional.

Assim, o mosaico que formou Michael Jackson era amplo, brilhante e profundamente humano. Como uma esponja, ele absorveu o requinte de Tchaikovsky, a alma de Marvin Gaye, o vigor de James Brown, a magia teatral de Rodgers e Hammerstein, e o brilhantismo da Motown. De cada nota escutada, extraía algo para reinventar, para transcender.

E foi assim — com uma alma aberta a todas as formas de beleza — que Michael Jackson não apenas criou música, mas deu ao mundo uma trilha sonora eterna para sonhar, dançar e acreditar.


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