A vida marcada de um inocente chamado Michael Jackson
”Há vidas que são escritas como partituras — feitas de altos e baixos, pausas dramáticas e explosões de brilho. Michael Jackson viveu exatamente assim. Entre os aplausos do mundo e os sussurros cruéis de quem nunca o conheceu, ele dançava com a alma rasgada, com o peso de uma inocência que sempre precisou gritar em silêncio. Sua história, ainda hoje, se confunde com mitos e mal-entendidos, mas por trás do astro existia um homem.
Um homem marcado pela injustiça, pela sensibilidade extrema, e pela necessidade quase infantil de amar e ser amado.
Recentemente li algo que me atravessou. Um autor americano escreveu: “Michael Jackson se tornou Michael Jackson graças a seu incrível talento — apesar de tudo o que aconteceu com ele.” E isso é mais que verdade. É uma sentença que resume o milagre que foi sua vida. Num mundo que muitas vezes falha em proteger os puros, ele resistiu. Caiu inúmeras vezes, mas se recusou a se apagar. Quando muitos se esconderiam da dor, ele subiu ao palco. Quando o mundo virou as costas, ele ofereceu flores.
Michael foi um paradoxo vivo: extravagante e tímido, revolucionário e doce. Era a tempestade e o refúgio ao mesmo tempo. Enquanto vendia milhões de discos e encantava multidões com sua voz e seus passos, carregava consigo uma tristeza antiga, profunda. Aquela tristeza que não se explica, apenas se sente. Talvez por isso as pessoas o amassem tanto. Não apenas pelo talento incomparável, mas pela humanidade crua que exalava por trás dos olhos — um olhar que muitas vezes dizia mais do que qualquer letra de música.
E ele superou tudo. A humilhação pública, as acusações infundadas, a imprensa sedenta por manchetes. Com dignidade, Michael Jackson continuou sendo Michael Jackson. Ele entendeu o peso de ser ele mesmo num mundo que tentava constantemente desmontá-lo em pedaços. E ainda assim, sobreviveu. Porque o talento é mais forte que a maldade. Porque a arte, quando é verdadeira, vence até o tempo. E porque o amor genuíno, mesmo silencioso, grita mais alto do que qualquer calúnia.”
— por Lyubov Kazarnovskaya, cantor e professor soviético