As gravações dos shows Dangerous no Brasil: o que você precisa saber
Nas últimas semanas, surgiram novos vazamentos de trechos da Dangerous Tour no Brasil, trazendo à tona mais uma vez uma série de confusões e fake news sobre o material registrado na época.
Para deixar claro: não existe uma gravação oficial completa dos shows de Michael Jackson em São Paulo disponível no Brasil.
Durante a turnê de 1993, houve, sim, uma negociação entre a produção de Michael Jackson e o SBT para tentar transmitir o show ao vivo. Como parte desse processo, uma fita do show de Buenos Aires foi trazida aos estúdios do SBT. A ideia era avaliar a duração do espetáculo e definir onde poderiam ser inseridos os intervalos comerciais com patrocinadores.
No entanto, o SBT não conseguiu atingir a cota necessária de patrocínio para bancar a transmissão. A negociação caiu por terra. O que sobrou foi a fita de Buenos Aires, que acabou ficando no Brasil, sob posse do motorista que acompanhou Michael Jackson em sua estadia em São Paulo — levando-o ao Playcenter, à fábrica de brinquedos, aos shows, ao hotel, etc.
Essa fita não ficou esquecida por acaso: ela foi um presente dado pessoalmente por Michael Jackson ao motorista Marcelo Cunha, como forma de agradecimento pelo serviço prestado. A fita permaneceu “oculta” até aproximadamente 2010, quando parte dela vazou. Anos depois, a gravação completa também chegou à internet.
O acesso público a esse material foi possível graças à própria MJ Beats e ao artista-tributo Rodrigo Teaser, que conhecia o motorista. Essa história é documentada no especial “O Motorista de Michael Jackson”, dirigido pelo próprio Rodrigo Teaser.
Sobre as imagens profissionais do show em São Paulo
As poucas filmagens oficiais que existem são registros de trechos liberados pela própria produção de Michael para emissoras locais no mundo todo. Em geral, as músicas liberadas eram “Jam” e, eventualmente, “Wanna Be Startin’ Somethin‘”. Algumas TVs brasileiras, como a Gazeta, chegaram a exibir partes desses vídeos ainda em 1993, em programas como o Klip Trip.
O acervo completo do show de São Paulo, se existir em formato profissional, provavelmente está sob responsabilidade da Nocturne, empresa que cuidava das gravações dos shows para o telão (jumbotron). Mesmo assim, não há confirmação pública de que a gravação integral tenha sido preservada.
Em resumo:
A Globo nunca teve posse ou direito de transmissão do show.
O SBT tentou transmitir, mas não conseguiu fechar patrocínio.
A fita de Buenos Aires ficou no Brasil, como presente dado a Marcelo Cunha.
As imagens novas que surgem hoje são gravações de imprensa ou câmeras amadoras, não registros profissionais completos.
Boatos e lendas urbanas sobre “fita completa perdida na Globo” continuam surgindo, mas não têm base na realidade.
Como bem disseram alguns fãs mais atentos: é preciso ter cuidado para não reciclar essas histórias antigas e manter o senso crítico vivo. Aproveitemos o que temos — e continuemos atentos às verdadeiras raridades que, vez ou outra, ainda aparecem.
