Fragmentos de um Ídolo: Como o mundo quebrou Michael Jackson

Fragmentos de um Ídolo: Como o mundo quebrou Michael Jackson

Era um julgamento, mas parecia um sacrifício público. Durante quatorze semanas em 2005, Michael Jackson, um dos maiores artistas do século, sentou-se diante de uma corte que o olhava como réu e não como homem. Michael Bush, seu estilista e confidente, esteve ao seu lado dia após dia — e viu mais do que qualquer câmera poderia captar. Ele não vestia apenas um astro; ele tentava vestir um espírito em ruínas. “Vi seu espírito se quebrar”, escreveu.

Nos bastidores do tribunal, onde os flashes não alcançavam, Jackson ainda mascava chiclete, ainda fazia piadas com o zíper de suas jaquetas, ainda era, por instantes, o garoto de olhos brincalhões. Mas aquilo foi se apagando. A pressão da opinião pública, os sussurros que o julgavam antes do veredito, as manchetes sangrentas — tudo conspirava para fazer daquelas semanas um martírio moderno. Bush percebeu: não era apenas o nome de Michael que estava em julgamento, era sua essência.

Michael Jackson foi absolvido. Mas o preço pago não foi pequeno. Ele saiu inocente da corte, sim — mas emocionalmente destroçado. Bush conta que seu amigo já não era o mesmo. As visitas aos bastidores não tinham mais gargalhadas. As roupas já não tinham o mesmo brilho. O homem que outrora inspirava mundos com passos lunares agora apenas caminhava lentamente para casa, tentando juntar os pedaços do que restou de si.

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E, mesmo assim, houve força. “Michael exibiu uma força tremenda”, disse Bush, ao recordar como o cantor ainda encontrava forças para ser pai, mesmo após ver sua alma arrastada pela lama pública. Entre fraldas, histórias para dormir e o riso inocente dos filhos, talvez Michael tenha encontrado o último lugar onde ainda podia ser apenas humano. Longe dos tabloides, perto do amor mais sincero: o dos filhos.

Michael Bush perdeu mais que um cliente. Perdeu o amigo que sorria entre provas de figurino, que brincava com o espelho, que ainda carregava o menino de Gary dentro de si. “Perdi meu amigo”, ele diz — e essa perda, apesar de invisível, talvez seja mais dura do que qualquer sentença. A arte sobreviveu. Mas o artista foi esculpido pela dor, e muito antes de sua morte física, já estava sendo lentamente apagado pela frieza de um mundo que queria um culpado, não justiça.

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