O ano era 1987. A música pop reinava em um trono de sintetizadores, danças icônicas e vozes que moldariam gerações. Foi nesse cenário pulsante que dois amigos se reencontraram não apenas na vida, mas em estúdio: Michael Jackson, o Rei do Pop em plena ascensão com Bad, e Stevie Wonder, o mago da soul music que há muito encantava o mundo com seu talento inigualável. Juntos, gravaram “Just Good Friends”, uma celebração da amizade, do groove e da genialidade compartilhada.

A canção foi escolhida para integrar o álbum Bad, lançado por Michael em agosto de 1987, marcando o primeiro dueto do projeto. O documentário Bad 25, dirigido por Spike Lee, oferece um vislumbre precioso dos bastidores dessa colaboração: risos, cumplicidade e respeito mútuo transbordavam entre os takes. Embora a faixa não tenha sido lançada como single — ficando ofuscada por hits como Smooth Criminal e Man in the Mirror — ela carrega uma energia única, uma conversa cantada entre duas lendas que sabiam exatamente como transformar sentimento em som.

Curiosamente, naquele mesmo ano, Stevie também preparava um lançamento: o álbum Characters. Nele, a música Get It, outro dueto com Michael, foi escolhida como single, o que pode ter influenciado a decisão de manter Just Good Friends como uma pérola escondida para os ouvintes mais atentos. Essa troca artística entre os dois artistas foi mais do que coincidência — foi o reflexo de uma irmandade criativa que não precisava de palavras para existir, apenas notas.

Mas a amizade deles não se limitou ao estúdio. Em 28 de novembro de 1987, Brisbane, Austrália, foi palco de um momento histórico: durante a Bad World Tour, diante de um estádio lotado, Michael surpreendeu o público ao anunciar a participação de um convidado muito especial. Quando Stevie Wonder subiu ao palco, a multidão explodiu. Stevie não decepcionou. Com sua presença carismática, ele se juntou a Michael no encerramento apoteótico da música Bad.

A parceria entre Michael Jackson e Stevie Wonder é uma lembrança viva de que, quando dois gigantes se unem, o mundo não apenas escuta — ele sente. E em 1987, sentimos profundamente. Não foi apenas um dueto. Foi o encontro de duas almas destinadas a transformar o som em legado.

E, para nossa sorte, eles deixaram pistas suficientes para que possamos sempre revisitar essa jornada mágica de amizade, talento e inspiração.

One Comment

  1. Esse encontro representou o que a musica negra americana tem de melhor, com duas ‘divindades” do gênero dividindo a mesma canção. Ambos oriundos desse “olimpo” chamado Motown, o celeiro de grandes vozes da música mundial , como Diana Ross, Lionel Ritchie, Marvin Gaye e outros. A união de Michael Jackson e Stevie Wonder já havia sido vista no antológico clipe “we are the world” , mas dessa vez foi algo mais intimista, a celebração da amizade entre os dois e o agradecimento do Michael ao mestre que o influenciou. Ver essas duas lendas no palco foi algo memorável.

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