Como Rei do Pop e duas vezes integrante do Hall da Fama do Rock and Roll, Michael Jackson parecia não conhecer limites. Em sua carreira, ele conquistou tudo o que podia — inclusive superar um de seus videoclipes mais icônicos: Thriller. Além de ser um artista extraordinário, Jackson era também um intérprete nato e abriu caminho para uma nova geração de talentos multifacetados, como Ariana Grande, Olivia Rodrigo e Justin Bieber. Ele provou que músicos não precisavam se limitar a uma única expressão artística — podiam revelar todo o seu potencial em cada apresentação.
Michael iniciou sua jornada artística ainda criança, como membro do lendário Jackson 5. Ao lado de seus irmãos, fez história ao estrear com quatro sucessos consecutivos no topo da Billboard Hot 100. Mas mesmo com esse legado, ele não se acomodou. Seguiu carreira solo e mostrou ao mundo do que era feito: vendeu mais de 500 milhões de discos em todo o planeta. Seus álbuns continuam sendo campeões de vendas até hoje.
E não é por acaso. Jackson foi um verdadeiro inovador, principalmente ao transformar suas músicas em experiências visuais com narrativa. Seus videoclipes — que ele chamava de curtas-metragens — mudaram para sempre a forma como artistas concebiam seus vídeos musicais. Thriller é, sem dúvida, o maior exemplo disso. Mas o que poucos sabem é que, treze anos depois, Michael Jackson revisitou Thriller… e criou algo ainda mais grandioso.
“Ghosts”, de Michael Jackson, eleva tudo o que Thriller foi — e vai além
Quando Michael lançou o videoclipe de Thriller, ele revolucionou a indústria da música. Mostrou que videoclipes não precisavam seguir uma narrativa simples — eles podiam ser histórias elaboradas, com a música como trilha para algo muito maior.
Naquele momento, Jackson se inspirou no filme Um Lobisomem Americano em Londres. No clipe, vemos sua transformação: de espectador em uma sala de cinema a criatura monstruosa na tela, até se tornar um zumbi dançante do lado de fora. Em plena ascensão da cultura do videoclipe, Thriller teve um impacto cultural sem precedentes.
Mas Jackson não era o tipo de artista que se acomodava. Quando criou Ghosts, ele pegou tudo o que havia feito em Thriller… e foi além. O curta-metragem completo, intitulado Michael Jackson’s Ghosts, inclui também músicas como “2 Bad” e “Is It Scary”. Nele, Jackson interpreta dois personagens: o Maestro — um ser enigmático com poderes sobrenaturais — e o Prefeito, que claramente representa o antagonista da história.
A dança em Ghosts também impressiona. Muitos consideram sua coreografia ainda mais impactante do que a de Thriller. Jackson conduz a narrativa por meio de movimentos precisos, expressivos e carregados de emoção. Os visuais são complexos, e os fãs valorizaram a originalidade da história. Mas talvez o maior destaque tenha sido a entrega emocional de Michael. Ver sua versatilidade tão evidente só reforçou o quanto ele era completo.
A história contada em Michael Jackson’s Ghosts gira em torno de um homem com poderes sobrenaturais, expulso de sua cidade pelos moradores. Mesmo o clipe reduzido já é poderoso, com coreografias intensas e a icônica pergunta: “Você já está com medo?”. Mas Jackson queria mais. Decidiu criar um curta-metragem de 40 minutos — e, para isso, contou com a colaboração de um dos maiores nomes da literatura: Stephen King.
“Ghosts” é a arte de contar histórias no seu nível mais alto
Assim como Jackson definiu o pop, Stephen King é uma lenda do terror. Seus livros são clássicos, e suas adaptações para o cinema marcaram gerações. Juntos, criaram uma fusão única. King indicou profissionais com quem já havia trabalhado, e ajudou Jackson a levar o projeto a outro patamar. O tom sombrio e o estilo visual do filme casaram perfeitamente com a assinatura de ambos.
O resultado foi um curta obrigatório, com uma temática profunda sobre perseguição, identidade e exclusão — tudo isso envolto em efeitos visuais impressionantes. Técnicas de câmera, CGI e captura de movimentos transformaram o vídeo em uma verdadeira obra de arte. Por muitos anos, Ghosts foi reconhecido pelo Guinness como o videoclipe mais longo da história. Um feito memorável, entre tantos outros, na carreira de um dos maiores artistas de todos os tempos.
Michael Jackson provou que não era apenas um músico. Era um artista visionário, um gênio da narrativa visual, um criador de mundos que abriu caminho para tudo o que veio depois.
por Paul Elliott, Screen Rant