No início dos anos 90, a indústria musical testemunhava um dos momentos mais intensos de sua história: o lançamento de Dangerous, álbum ambicioso de Michael Jackson que prometia romper limites sonoros e visuais. Em meio a esse turbilhão criativo, In The Closet emergiu como uma das faixas mais sedutoras do projeto — envolta em mistério, sensualidade e segredos. O que poucos sabem, no entanto, é que essa música quase foi o palco de um encontro histórico entre três ícones do pop: Michael, Prince e Madonna. Quase.

Michael desejava transformar a canção em um dueto. A primeira tentativa foi com Prince, cuja recusa — mais uma vez — adicionou mais um capítulo à rivalidade entre os dois gênios. A seguir, Madonna entrou em cena — e, por um breve momento, parecia ser a parceira perfeita para dar vida ao desejo implícito da música.

Contudo, o embate de visões foi inevitável. Madonna queria transformar In The Closet numa obra de provocação explícita, recheada de erotismo visual e letras ousadas. Michael, por outro lado, defendia uma abordagem mais simbólica, envolta em mistério, onde o sensual fosse sugerido, não escancarado. Era o choque entre a esfinge e o espelho. O diálogo entre os dois se esfarelou diante da divergência artística. O que restou foi uma música entregue por Michael em sua essência mais pura — e, ainda assim, cheia de surpresas.

A introdução da faixa causou um frisson entre fãs e críticos: uma voz feminina, envolvente, sussurrando frases ambíguas. Ninguém sabia quem era a “Mystery Girl”. Durante anos, especulações varreram os fóruns e revistas especializadas. Seria Naomi Campbell, que estrelou o videoclipe? Madonna, talvez? Até que veio a revelação surpreendente: era a princesa Stéphanie de Mônaco — a mesma que tentava lançar sua carreira musical financiada pela Sony, com um álbum em inglês.

Stéphanie estava em Los Angeles, tentando encontrar seu lugar sob os holofotes da música pop. Seu timbre foi intensamente filtrado, quase irreconhecível, uma escolha deliberada que servia à estética etérea da faixa e, ao mesmo tempo, preservava o sigilo de sua participação. Para Teddy Riley, produtor da faixa, o trabalho com Michael foi quase místico: “Ele gravou seus vocais num gravador e trouxe para o estúdio. Eu apenas amplifiquei aquilo que ele já havia sonhado.” O resultado foi uma batida com alma funky, texturas sensuais e um clímax musical à altura de uma paixão proibida.

Lançada em 1992, In The Closet atingiu o topo das paradas R&B dos Estados Unidos e se consolidou como uma das faixas mais ousadas da carreira do Rei do Pop. Um misto de desejo, recusa, realeza e mistério. Não foi apenas uma música — foi um triângulo criativo entre os maiores ícones do século XX, onde cada um quis moldar o desejo à sua imagem. No fim, Michael venceu. Mas o que poderia ter sido se Prince tivesse dito sim? Ou se Madonna tivesse cedido? Talvez, essa seja a pergunta que a própria música insiste em deixar… no armário.


One Comment

  1. Amei esse final hahah amo a MJBeats!!! Entrar aqui e descobrir (e redescobrir!) sobre o Michael, é uma experiência indescritível pra quem admira o esse humano que mais amamos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *