O ano era 1982. O mundo da música estava prestes a mudar para sempre com o lançamento de Thriller. Foi nesse turbilhão de criatividade que Glen Ballard conheceu, pela primeira vez, o enigmático e já lendário Michael Jackson. A missão? Escrever uma canção que pudesse integrar o álbum mais ambicioso de todos os tempos. A faixa, embora composta com entusiasmo, acabou ficando de fora da tracklist final. Mas a semente daquela parceria havia sido plantada — e germinaria anos depois com uma força que nenhum dos dois poderia prever.

Cinco anos mais tarde, em 1987, Glen Ballard se uniria à brilhante Siedah Garrett para escrever algo que não era apenas uma música, mas um espelho da consciência humana. “Man in the Mirror” nascia não como um hit encomendado, mas como um chamado interior. Uma composição que misturava o pop com o espírito, a melodia com a moral. Quando Michael ouviu a canção pela primeira vez, reconheceu nela algo raro: uma mensagem que ecoava com sua alma artística e seu desejo de transformação.

Ballard relembra os dias de gravação como se fossem páginas iluminadas de um diário pessoal. “Foi uma das grandes semanas da minha vida”, disse ele. No estúdio, não havia pressa. Michael, muitas vezes visto pelo mundo como um perfeccionista incansável, demonstrou um lado surpreendentemente humano: o de um artista generoso, paciente e profundamente conectado ao poder da música como instrumento de cura e empatia.

Havia algo mágico no ar. “Todos nós sentimos que algo especial estava acontecendo naquele álbum”, recorda Ballard. A vibração entre os músicos, os produtores e a equipe técnica era quase palpável. Michael não apenas cantava — ele vivia a música. E em “Man in the Mirror”, ele se entregou: cada nota, cada sílaba, era carregada de propósito. Era o reflexo de um homem que ousava olhar para dentro de si e, através disso, provocar o mundo a fazer o mesmo.

A canção não apenas se tornou um sucesso instantâneo, como se eternizou como um dos pilares do legado de Michael Jackson. Uma ode à responsabilidade individual, um convite à transformação social — e, acima de tudo, uma confissão de vulnerabilidade e esperança. “If you wanna make the world a better place, take a look at yourself and then make a change” não era apenas um refrão, era uma filosofia. Glen Ballard ajudou a escrever essas palavras, mas foi Michael quem as tatuou no coração de milhões.

Décadas se passaram, e Man in the Mirror continua a tocar almas em todos os cantos do planeta. Para Ballard, essas memórias não são apenas recordações profissionais — são relíquias de um tempo em que a música tinha o poder de mover montanhas e curar feridas. E, no centro disso tudo, estava Michael Jackson: o homem, o mito, e, acima de tudo, o reflexo mais brilhante de sua própria mensagem.

One Comment

  1. A canção Man in the mirror deveria ser o hino mundial da cooperação e da solidariedade com o próximo, nela Michael fala sobre ter visto crianças em cada esquina sem ter o que comer enquanto pessoas passam fingindo não ter visto nada. A música composta no século passado continua relevante até os dias de hoje, quando autoridades ignoram o sofrimento alheio. É nesse contexto que o Michael coloca o tal ” homem no espelho “, uma metáfora que diz para cada um de nós olhar para nós mesmos e fazer algo para mudar a situação ao invés de criticar o presidente A ou B. Michael finaliza dizendo: ” se você quer fazer do mundo um lugar melhor, olhe para você mesmo e faça uma mudança…”

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