Nos Bastidores da Motown: O dia em que Michael Jackson provou ser um gênio em construção

Nos Bastidores da Motown: O dia em que Michael Jackson provou ser um gênio em construção

Compartilhe:

Naquela tarde de 1975, nos corredores da Motown Records, um silêncio particular pairava dentro do estúdio. Não era um silêncio de ausência, mas sim de concentração. Enquanto os irmãos Jackson se divertiam jogando basquete na quadra próxima, um jovem de 17 anos permanecia focado no microfone. Michael Jackson, mesmo ainda adolescente, já se comportava como um artista veterano — um rei em fase de coroação. Era a gravação de “We’re Gonna Change Our Style”, parte do último álbum do Jackson 5 para a gravadora, Joyful Jukebox Music, lançado em 1976.

A compositora e cantora Judy Cheeks estava lá. Ela não apenas escreveu a faixa ao lado de Clay Drayton, como também testemunhou algo inesquecível. Em suas palavras, aquele momento revelou uma faceta de Michael que o mundo levaria anos para compreender completamente: “Ele chegou no estúdio e gravou seus vocais muito rápido. Eu pude ver como ele trabalhava na música.” Não havia estrelismo, nem cansaço. Apenas a entrega absoluta de quem nasceu para ser maior do que qualquer palco.

O contraste era claro — enquanto seus irmãos aproveitavam a juventude com uma bola nas mãos, Michael moldava o futuro com as cordas vocais. Judy lembra-se de ter olhado para ele e se perguntado se, por um segundo, ele não gostaria de estar do lado de fora, brincando como os outros garotos. Mas a resposta parecia óbvia: ele já estava exatamente onde queria estar. Entre as paredes de som, sob as luzes suaves do estúdio, lapidando sua voz com precisão milimétrica.

Aquela canção talvez não tenha sido um sucesso comercial estrondoso, mas nos bastidores, foi um divisor de águas. “We’re Gonna Change Our Style” era, como o nome dizia, uma declaração — simbólica e literal. Michael não apenas mudaria o estilo do grupo, mas logo deixaria tudo para trás: os irmãos, a Motown, os limites. Era o início silencioso de uma revolução musical que transformaria o garoto prodígio em fenômeno mundial.

A profissionalização precoce de Michael era, na verdade, uma resposta ao peso que já carregava. Por trás do brilho do Jackson 5, existia a pressão de manter o grupo no topo, de satisfazer Berry Gordy, o lendário fundador da Motown, e de corresponder às expectativas do público. Mas mesmo sob essa carga, Michael não apenas entregava — ele transcendia.

Hoje, ao revisitarmos aquele episódio singelo contado por Judy Cheeks, percebemos que os grandes momentos da história da música nem sempre são feitos de prêmios ou aplausos. Às vezes, são forjados no silêncio de um estúdio, enquanto o mundo brinca lá fora. Naquela gravação, o jovem Michael Jackson não apenas mostrou quem era — mostrou quem estava prestes a se tornar. O mundo só entenderia isso anos depois. Judy viu em primeira mão.


Compartilhe:

Outros Destaques: