O dia em que conheci Michael Jackson
Maio de 1993. Em meio a flashes, palmas e aplausos, o pequeno Deron Jordan subia ao palco ao lado de seu maior ídolo: Michael Jackson. Era uma cerimônia solene, marcada por reconhecimentos importantes — inclusive um prêmio entregue ao artista pelo então presidente Jimmy Carter, destacando seu incansável trabalho humanitário. Para Deron, não era apenas uma noite de gala. Era o início de dois dias que moldariam sua visão sobre o homem mais falado do planeta.
Naquele palco, não havia pop star. Havia um ser humano de olhar doce, que pegou na mão da criança e a guiou com ternura entre os bastidores da fama. Michael, que poderia estar cercado de empresários e assessores, escolheu a companhia de uma criança desconhecida. Ficaram juntos até o fim da cerimônia. O gesto, simples e ao mesmo tempo gigantesco, plantou uma semente de lembrança que jamais se apagaria.

No dia seguinte, a realidade parecia ainda mais fantástica: Michael havia fechado o parque de diversões Six Flags, em Atlanta, apenas para um seleto grupo de pessoas. Lá estavam, Lewis Emmanuel, a avó de Deron — que trabalhava com Carter — e claro, o próprio Deron. O riso corria solto pelos trilhos da montanha-russa, e os olhos de Michael brilhavam não pela fama, mas pelo prazer de proporcionar alegria. Ali, entre algodões-doces e brinquedos, o Rei do Pop parecia apenas um homem que queria ver crianças felizes.
Em certo momento, surgiu um convite que mudaria o curso da história: Michael os convidou a visitar seu mítico rancho, Neverland. Seria a extensão natural daquele dia de sonhos. Mas o destino — ou, mais precisamente, as infames acusações que surgiram em 1993 — interrompeu a fantasia. Por conta da investigação, até mesmo Deron e sua família foram investigados pelas autoridades. O rancho permaneceu como uma promessa não cumprida, engolido pela nuvem de desconfiança que pairaria sobre Michael por anos.
Décadas se passaram. As versões se multiplicaram, os documentários se contradisseram, e o mundo esqueceu a simplicidade de gestos como os que Deron testemunhou. Mas ele nunca esqueceu. Em seu testemunho, reafirma com firmeza: “As pessoas podem dizer o que quiserem sobre meu amigo, mas ele realmente amava as pessoas e se preocupava com as crianças.” Não é um relato de fã. É uma lembrança vivida, gravada na alma de uma criança que viu o que poucos puderam enxergar.
Enquanto muitos se perderam nos labirintos da suspeita, Deron guardou a verdade de olhos abertos. A verdade de que Michael Jackson, para além dos palcos, era um homem movido pelo amor — especialmente pelas crianças, pelas causas sociais, pelos esquecidos. Um homem que, quando teve o poder de ser qualquer coisa, escolheu ser gentil. E isso, no fim das contas, diz mais do que qualquer manchete.