Michael Jackson não apenas redefiniu a música pop, mas também impôs desafios técnicos aos engenheiros de som que trabalhavam com ele. Nos estúdios, onde sua genialidade se manifestava em cada nota, um detalhe se tornou um dilema constante: seus fones de ouvido.
O Rei do Pop não se contentava com qualquer modelo. Seu equipamento deveria atender a três exigências cruciais: som impecável, conforto absoluto e resistência a volumes absurdamente altos.
Antes da era dos “Beats By Dr. Dre“, encontrar fones que sobrevivessem às sessões de gravação com Michael era uma verdadeira odisseia. Ele gostava de ouvir a música em níveis que a maioria consideraria insuportáveis, desafiando até mesmo os mais renomados fabricantes de áudio. Brad Sundberg, especialista em sistemas de som e colaborador de longa data do cantor, relembra como o astro repetidamente aumentava o volume e, insatisfeito, solicitava um novo par de fones, como se a falha estivesse no equipamento e não na intensidade brutal do som.
A busca pelo modelo ideal virou quase uma missão impossível. Marcas consagradas como AKG e Sennheiser passaram pelo teste de Michael, mas saíam do estúdio quase em frangalhos. “Soltando fumaça“, como descreveu Brad, os fones simplesmente não suportavam a pressão sonora das sessões vocais do artista. A cada tentativa frustrada, a equipe se via mais determinada a encontrar um modelo que suportasse o turbilhão sonoro sem se desintegrar.

Foi então que surgiu a solução: o Fostex T20. Ao testá-lo, Michael não perdeu tempo e imediatamente aumentou o volume ao máximo. Para Brad, que já estava acostumado a um nível de som elevado, aquele volume era alucinante. Ainda assim, os T20 resistiram, conquistando o aval do Rei do Pop. Pela primeira vez, um par de fones suportava sua potência vocal e seu perfeccionismo auditivo.
Essa busca incansável por excelência revela muito sobre o compromisso de Michael Jackson com sua arte. Ele não apenas cantava, ele vivia cada nota, cada batida, cada nuance da produção musical. Seus ouvidos eram sua bússola e sua exigência, uma prova de sua devoção à qualidade sonora.
Essa exigência é uma patologias herdada do pai de uma forma moderna e culta.”Nada que venha do mal que traga o bem!”