“Graças ao trabalho do meu pai, viajei pelo mundo com as turnês de Michael Jackson.” Enquanto muitos adolescentes passavam as férias na casa dos avós ou na praia, Derek Emerson vivia nos bastidores dos maiores palcos do planeta. Filho do fotógrafo pessoal de Michael Jackson, ele cresceu em meio a flashes, gritos de fãs e aplausos ensurdecedores. A rotina era diferente, intensa — e inesquecível. Aos 18 anos, Derek já trabalhava como assistente de luz, lidando com slides e equipamentos durante shows que paravam cidades inteiras.
Neverland: um paraíso encantado
“Era como estar com outro garoto que simplesmente não queria crescer.” É assim que Derek resume suas experiências em Neverland, o lendário rancho de Michael Jackson. Ele se recorda da loja de doces, das fortalezas com canhões de água e do trem que circulava a propriedade. Para ele, o rancho era mais do que uma mansão de luxo — era um lugar onde a infância era eterna. “Conversávamos sobre escola, bicicleta, desenhos. Ele vinha brincar também.” Michael não era apenas o maior astro do planeta, mas alguém que buscava na infância um refúgio genuíno.
Noite em Nova Orleans: risos e lendas
Uma das memórias mais vívidas de Derek aconteceu nos bastidores de um show em Nova Orleans, em 1984. Após a apresentação, o quarto de hotel virou ponto de encontro para lendas como Sugar Ray Leonard e Stevie Wonder. “Stevie disse: ‘Dê-me as chaves e eu dirijo.’” Todos caíram na gargalhada, inclusive Michael. Esse tipo de momento mostrava o lado humano, leve e espontâneo de um grupo de artistas que o mundo só via sob os holofotes.
A Victory Tour e os bastidores da fama
“Eu assisti a cerca de 40 shows em um único verão!” Derek esteve presente na Victory Tour, ao lado dos irmãos Jackson, em 1984. De Tel Aviv à Turquia, da Europa aos Estados Unidos, foram meses rodando o mundo em ritmo acelerado. Seu pai, incansável, chegava a preencher 40 rolos de filme em apenas duas horas. Para Derek, foi uma escola acelerada da vida — e da indústria da música — com acesso privilegiado a momentos que moldaram a história do pop.
O auge
De 1982 a 1992, o mundo viveu o reinado absoluto de Michael Jackson. Derek testemunhou tudo de perto. “Você está falando em vender para 70.000 pessoas em cada um dos sete shows no Wembley Stadium.” Era mais que sucesso — era um fenômeno cultural. A energia dos palcos, o perfeccionismo nos bastidores e o impacto global tornaram aquele período o ponto mais alto da música pop moderna.

Memórias que nunca envelhecem
Hoje, décadas depois, Derek carrega essas histórias com a nitidez de alguém que viveu intensamente. “Foi um bom momento para estar ao redor”, resume com simplicidade. Mais do que uma infância diferente, ele teve acesso a uma dimensão rara e íntima de uma das figuras mais enigmáticas do século. E talvez seja por isso que ele ainda fale sobre Michael com brilho nos olhos — como quem sabe que viveu algo que o tempo jamais poderá apagar.
