Michael Jackson e o Menino que Venceu a Morte
No dia 21 de julho de 1990, Michael Jackson abriu as portas de Neverland para um grupo muito especial. Crianças da Dream Street Foundation e da Make-A-Wish Foundation, muitas delas vivendo seus últimos dias, foram recebidas com todo o carinho por aquele que, além de rei do pop, era também um rei em generosidade. Entre elas, estava Jamil Campbell-Pompey, de apenas 3 anos, HIV positivo desde o nascimento.
Jamil contraiu o vírus da AIDS de sua mãe biológica e foi adotado aos três meses de vida por um casal que o envolveu em amor e esperança. Foram essas mães corajosas que, sabendo do diagnóstico devastador, fizeram um pedido ao Make-A-Wish: que o filho conhecesse seu maior ídolo, Michael Jackson. O desejo, improvável para muitos, se concretizou — e mudou para sempre a trajetória de um menino condenado pelas estatísticas.
“Os médicos não esperavam que eu vivesse muito, mas eu superei as expectativas,” conta Jamil, hoje adulto. Contra todos os prognósticos, ele resistiu ao tempo, às dores e ao destino — e guarda até hoje as lembranças daquele dia mágico em Neverland. Mesmo que sua memória falhe, o coração insiste em manter vivo cada instante.
“Guardo com carinho o chapéu que usei naquele dia e a foto que tirei com Michael,” relembra. O valor simbólico desses objetos vai além do físico. São amuletos, provas de que milagres existem e de que, por um instante, ele foi apenas uma criança feliz, envolta na fantasia e na bondade de um astro que sabia acolher com sinceridade.

O mais intrigante é que Jamil não se lembra claramente da voz de Michael, nem de suas palavras gentis. “Já pensei em fazer hipnoterapia para tentar recuperar essa memória,” confessa. O que permanece, no entanto, é a certeza do impacto daquele encontro. Um gesto que, mesmo sem ser recordado nos detalhes, moldou o sentimento e a identidade de quem ele se tornou.
“Michael sempre foi uma grande parte da minha vida, e isso nunca vai mudar,” afirma Jamil, com a mesma força de quem venceu a morte. Suas palavras ecoam como um tributo a um artista cuja maior obra, muitas vezes, foi feita fora dos palcos — tocando almas, devolvendo sorrisos, sem pedir nada em troca.
Em tempos em que o legado de Michael Jackson é constantemente revisitado, é fundamental lembrar que seu maior sucesso talvez não esteja apenas em álbuns multiplatinados, mas nos corações que ele tocou anonimamente. Como o de Jamil — um menino que recebeu um abraço do Rei e decidiu viver para sempre.