Nos Bastidores da Dangerous World Tour: Memórias do meu Tio Doo Doo
”Durante a Dangerous Tour, algo mudou dentro de nós. Não era apenas uma turnê grandiosa atravessando continentes — era um rito de passagem para mim e meus irmãos. Pela primeira vez, deixávamos a rotina escolar e mergulhávamos no universo onde nosso tio Michael reinava absoluto. O mundo via o Rei do Pop. Nós víamos o tio Doo Doo.
Michael não era apenas uma estrela no palco. Ele era uma constelação inteira nos bastidores. Era gentil, engraçado, e surpreendentemente presente, mesmo com o peso de um império artístico sobre os ombros. Viajávamos com ele, assistíamos a cada performance, e, mais importante, aprendíamos com ele — não apenas sobre música, mas sobre disciplina, respeito aos fãs, e amor incondicional pelo que se faz.
Lembro de um momento cômico que virou lição. Durante várias noites, ele cantava a letra errada de “I Just Can’t Stop Loving You”. Nós o alertávamos — “Tio, você cantou errado de novo!” — e ele ria, esquecia, e repetia. Até que um dia, finalmente, cantou certo. E então, apontou pra gente no meio da multidão. Era como se dissesse: “Eu ouvi vocês. Eu aprendi.”

Esse era o tipo de artista que Michael era — humano em sua perfeição, e perfeito em sua humanidade. Ele não tinha vergonha dos erros, mas os transformava em momentos de carinho e afeto. Em outro show, pedimos que acenasse pra nós durante “Heal The World“. E ele fez. Mesmo com milhares de olhos sobre ele, nossos olhares importavam.
A estrada se tornou nossa escola. Aprendemos mais ali, com ele, do que qualquer sala de aula poderia nos ensinar. Sobre humildade, responsabilidade, e como tratar as pessoas com dignidade, mesmo quando se é a pessoa mais famosa do planeta. O que o público via era espetáculo. O que vivíamos era o amor de um tio pelos seus sobrinhos.
Michael sempre fez questão de lembrar: por trás do brilho, havia sangue e laços de verdade. Ele nunca deixou que a distância do sucesso afastasse a proximidade da família. Mesmo no ápice da fama mundial, ele ainda nos fazia rir, ainda nos chamava pelos apelidos de infância, e ainda era aquele que deixava o palco para brincar por cinco minutos com a gente.
Hoje, olhando para trás, percebo que a Dangerous Tour foi mais que uma jornada musical. Foi um ensinamento sobre vida, afeto, legado. E sobre como um homem que carregava o mundo nas costas ainda encontrava espaço para ser apenas… nosso tio Doo Doo.
por Taj Jackson, Sobrinho de Michael Jackson