Na década de 1980, o mundo enfrentava uma epidemia devastadora. A AIDS era cercada de medo, desinformação e preconceito. Ser diagnosticado com HIV naquela época era quase uma sentença de morte, e, pior ainda, uma sentença de isolamento. Enquanto a maioria permanecia em silêncio ou virava o rosto para o problema, duas figuras icônicas usaram sua fama para fazer exatamente o contrário: Elizabeth Taylor e Michael Jackson.
O início da luta: Elizabeth Taylor e a fundação amfAR
Em 1985, após a morte de seu grande amigo Rock Hudson, Elizabeth Taylor se tornou uma das primeiras celebridades a se posicionar publicamente em defesa das pessoas com HIV/AIDS. Indignada com o descaso do governo e da sociedade, ela ajudou a criar a amfAR (American Foundation for AIDS Research), que logo se tornaria uma das maiores organizações dedicadas à pesquisa sobre a doença.
Se posicionar era um risco. Apoiar abertamente pessoas com AIDS era, naquela época, visto com desconfiança, e até repulsa, por muitos. Mas Elizabeth não se calou. E nem ficou sozinha por muito tempo.
Michael Jackson: o primeiro grande doador da Elizabeth Taylor AIDS Foundation
Em 1991, Elizabeth Taylor fundou uma nova organização: a Elizabeth Taylor AIDS Foundation (ETAF), com foco em apoio direto a pessoas afetadas pelo HIV, especialmente as mais vulneráveis.
O primeiro grande apoiador foi Michael Jackson. De forma silenciosa, ele doou US$ 125 mil para ajudar a colocar a fundação de pé, valor equivalente a mais de US$ 270 mil hoje.
Ações públicas e engajamento direto
Mais do que doar, Michael colocou sua imagem a serviço da causa. Em 1992, participou de um evento beneficente da ETAF e fez um discurso emocionante sobre a importância do amor, da empatia e da luta contra o preconceito. Sua presença atraiu atenção global — e despertou milhares de olhares para uma causa que muitos ignoravam.
No ano seguinte, participou ao lado de Liz do Commitment to Life Awards, um evento da AIDS Project Los Angeles. Em meio ao preconceito ainda intenso, Michael e Elizabeth mostraram ao mundo que lutar contra a AIDS não era um “ato de coragem”: era um ato de humanidade.
Heal the World: o legado contínuo
Michael também combateu a AIDS por meio da sua fundação Heal the World, criada em 1992. A organização financiava pesquisas médicas, campanhas de conscientização e tratamentos para crianças e adultos com HIV em diversos países.
Além disso, ele visitava hospitais com frequência, oferecia ajuda financeira e apoiava discretamente instituições que cuidavam de pacientes com AIDS.
Um reconhecimento eterno
Após a morte de Michael em 2009, a ETAF divulgou um comunicado oficial chamando-o de “um dos primeiros e mais importantes apoiadores da luta contra a AIDS”. Sua generosidade foi reconhecida não apenas em palavras, mas em ações que até hoje impactam vidas.
Um legado de coragem e compaixão
Em um momento em que o silêncio era a escolha mais comum, Michael Jackson e Elizabeth Taylor escolheram falar — e agir. Eles enfrentaram o preconceito, abriram caminhos, financiaram esperança e, acima de tudo, trataram pessoas com dignidade.
Hoje, décadas depois, o mundo reconhece o papel fundamental que ambos tiveram na luta contra a AIDS. Um legado que transcende música, cinema e fama, e que continua a salvar vidas.
Escrito por: Paula Soares