Se a música “Scream” já era um grito contra a mídia, o videoclipe foi a imagem perfeita da revolta. Quando estreou em 1995, não era apenas um clipe: era um evento, uma superprodução de ficção científica que misturava dor, arte, estética futurista e atitude.
Com um custo estimado de US$ 7 milhões, “Scream” entrou para o Guinness World Records como o videoclipe mais caro já feito. E até hoje segue entre os mais icônicos da história.
🎬 Direção, conceito e produção
O clipe foi dirigido por Mark Romanek, com direção de arte de Tom Foden e uma equipe de produção que operava quase como um exército. Foram criados 13 sets diferentes, cada um representando uma área da nave onde os irmãos Jackson — sozinhos no espaço — expressavam seus sentimentos mais íntimos.
Michael não criou o conceito, como costumava fazer. Ele deixou nas mãos de Romanek, que imaginou a nave como um lugar de fuga: “um espaço onde eles pudessem se desligar da Terra, relaxar, dançar e extravasar.”
A gravação ocorreu em maio de 1995 e foi tudo menos tranquila. Janet revelou em seu documentário de 2022 que os dois gravaram em turnos diferentes — ela de dia, ele à noite. Segundo ela, a equipe de Michael impôs essa separação para evitar comparações e manter um certo controle criativo. A gravação que era pra durar 3 dias demorou bem mais e custou bem além do previsto.
💃 Coreografia de peso
O clipe contou com um verdadeiro dream team de coreógrafos:
- LaVelle Smith Jr.
- Travis Payne
- Tina Landon
- Sacha Lucashenko
- Sean Cheesman

A sequência de dança entre Michael e Janet é uma das mais memoráveis da década — minimalista, sincronizada e impactante, com roupas pretas em cenário branco e movimentos que dialogam com raiva, controle e irmandade.
🖼 Arte, anime e atitude
Entre as referências visuais, o clipe incorpora animações japonesas como Akira, Zillion, Babel II e Vampire Hunter D. Também aparecem obras de arte de Andy Warhol e outras colagens visuais. Janet adota um visual mais agressivo e performático, com roupas ousadas e atitudes provocativas — em uma das cenas, ela simula urinar como um homem, um gesto de provocação direta.
Michael, por sua vez, aparece em momentos de introspecção, meditação, e em cenas como o jogo de tênis futurista, onde quebra jarras usando uma esfera robótica.
Na versão sem censura, aparece o famoso verso: “Stop fucking with me!”, cortado das versões exibidas na TV na época.
🏆 Estreia e impacto

O videoclipe estreou simultaneamente na MTV, BET e ABC, como parte da entrevista de Michael e Lisa Marie Presley com Diane Sawyer. Foi assistido por 64 milhões de pessoas só na TV americana.
Recebeu:
- 11 indicações no MTV VMA 1995 (um recorde na época)
- 3 vitórias: Melhor Direção de Arte, Melhor Coreografia e Melhor Clipe de Dança
- 1 Grammy de Melhor Vídeo em Curta-Metragem
- Prêmio Billboard de Melhor Vídeo Pop/Rock
🧬 Legado visual
“Scream” influenciou gerações de videoclipes:
- TLC – “No Scrubs”
- Lil Mama ft. Chris Brown – “Shawty Get Loose”
- Ciara e Nicki Minaj – “I’m Out”
- Tyga ft. Nicki Minaj – “Dip”
Além disso, o filme de terror “Scream” (1996) originalmente se chamava Scary Movie, mas mudou de nome após Harvey Weinstein ouvir a música de Michael e Janet no rádio.