Inspirado por um texto publicado em 2005 pela minha amiga Andréa Faggion
O que dizer quando, depois de anos vendo um inocente ser ridicularizado, desumanizado e explorado, a justiça finalmente é feita? O que dizer quando o mundo precisa engolir a verdade que sempre esteve diante de seus olhos, mas que muitos preferiram ignorar por conveniência, racismo ou vingança?
Em 13 de junho de 2005, a justiça não apenas absolveu um homem. Ela reparou, ainda que tardiamente, um crime simbólico contra a dignidade, a arte e a esperança. Naquela tarde, doze pessoas comuns — cidadãos da mesma região conservadora que tantas vezes foi acusada de julgar pela cor da pele e pelo estilo de vida — disseram em uníssono: Michael Jackson é inocente.
Durante anos, fomos chamados de cegos, fanáticos, ingênuos. Disseram que defendíamos o indefensável. Mas o que fizemos foi resistir — com fatos, com memória, com coragem. Porque sabíamos o que estavam fazendo com ele: desmontando sua humanidade para vender manchetes. Inventaram uma caricatura e deram a ela o nome de Michael Jackson, enquanto o verdadeiro homem por trás disso tudo tentava sobreviver.
Era um julgamento? Sim. Mas também era um espetáculo. Um ritual público de humilhação, alimentado por uma mídia sedenta por escândalo e por um promotor — Tom Sneddon — obcecado em “ganhar” um caso que já havia tentado forçar anos antes. Sneddon não queria justiça. Queria vingança. E para isso, distorceu, intimidou, manipulou. Um sistema inteiro foi mobilizado para destruir um homem negro, rico, excêntrico e revolucionário que ousou ter sucesso em um mundo que ainda não tolera essas combinações.
Mas Michael resistiu. E com ele, resistimos também.
A absolvição em todos os pontos não foi uma surpresa para quem acompanhou o caso com seriedade. Era uma farsa desmontada aos poucos, diante de um tribunal, com provas frágeis, testemunhas contraditórias e um enredo que se desmanchava a cada audiência. A sentença final foi só a confirmação de algo que muitos sabiam: a única coisa que Michael Jackson tinha feito foi ser diferente demais para um mundo medíocre.
Michael, no entanto, nunca celebrou esse dia. Para ele, 13 de junho era uma ferida exposta, uma lembrança do que tiraram dele — a paz, a saúde, a confiança no mundo. Era o fim de uma perseguição judicial, mas não o fim da dor.



E é por isso que, ao relembrarmos essa data, fazemos isso com respeito. Sabemos que ele queria esquecer. Mas nós, fãs, não podemos. Porque nos foi negado, desde 1993, o direito de dizer em voz alta o que o coração sempre soube: Michael Jackson era inocente.
Treze de junho se tornou o nosso dia da verdade. Chamem como quiserem — dia da absolvição, da virada, da reparação. Mas acima de tudo, foi o dia em que o amor falou mais alto que o preconceito. O dia em que um júri enxergou o ser humano por trás do ícone. O dia em que Michael Jackson venceu — e nós vencemos com ele.
Hoje, celebramos mais que uma decisão judicial. Celebramos a coragem. Celebramos a resistência. E, principalmente, celebramos a verdade.