Após o sucesso estrondoso do single “Love Never Felt So Good”, o álbum póstumo “XSCAPE” parecia ter tudo para se consolidar como um fenômeno global. O lançamento, com a participação de Justin Timberlake, somou mais de 180 milhões de visualizações em suas várias versões e ainda recebeu certificação de platina pela RIAA, por vender mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos.
Animada com o impacto do primeiro single, a Epic Records seguiu com o lançamento de “A Place With No Name”, segunda faixa promocional do projeto. Mas o que parecia promissor se tornou um dos maiores fracassos da carreira póstuma de Michael Jackson.
Para ser direto: a promoção foi um desastre. Mal planejada, mal executada e incapaz de gerar qualquer engajamento significativo. Enquanto “Love Never Felt So Good” foi o melhor desempenho de Jackson em mais de uma década, “A Place With No Name” ocupou o lado oposto do espectro. A música não entrou na Billboard Hot 100 e ficou fora até do Top 150 no Reino Unido — parando no insignificante #172.
É importante lembrar que nada disso pode ser colocado nas costas de Michael Jackson. Ele não estava mais aqui para concluir a música, escolher o single ou guiar a campanha de divulgação. A responsabilidade recai sobre a Sony / Epic Records e o Espólio de Michael Jackson.
A estratégia escolhida foi inusitada e problemática: estrear o clipe exclusivamente no Twitter, ignorando plataformas como YouTube, que eram (e continuam sendo) muito mais eficazes para lançamentos musicais. O vídeo até apareceu nas telas da Times Square, mas a visibilidade não compensou os erros técnicos.
O player do Twitter estava repleto de bugs. Muitos fãs relataram que o vídeo travava a cada poucos segundos. Eu mesmo tentei assistir diversas vezes sem sucesso. A frustração foi compartilhada por muitos — enquanto alguns assistiam sem problemas, outros sequer conseguiam carregar o vídeo.
It’s time! The first ever premiere of "A Place With No Name" right now on Twitter #MJXSCAPEhttps://t.co/rRA0KJEBpg
— Michael Jackson (@michaeljackson) August 14, 2014
O que teria mudado se o vídeo tivesse sido lançado no YouTube desde o início? Milhões de fãs poderiam ter sido impactados imediatamente através da página oficial no Facebook de Michael Jackson. Mas essa janela foi simplesmente ignorada.
A sequência de erros não parou por aí. O single sequer foi lançado no iTunes. Diferente do que aconteceu com “Love Never Felt So Good”, que foi disponibilizado em duas versões (solo e com Timberlake) e alcançou rapidamente o Top 10, “A Place With No Name” não existia como single digital. A Sony e o Espólio pareciam esperar que o público encontrasse a música sozinho, dentro do álbum completo.
Sem um botão de compra claro, a faixa não conseguiu entrar em nenhum ranking relevante do iTunes. Oportunidades básicas foram perdidas — como colocar a música em destaque na homepage da loja. E como se não bastasse, as redes sociais oficiais do artista simplesmente ignoraram o lançamento nos dias que se seguiram.
Não houve chamadas para assistir o vídeo. Nenhum incentivo para os fãs comprarem a faixa. A página de Facebook, com mais de 70 milhões de seguidores, seguiu publicando curiosidades de álbuns antigos, como se nada estivesse acontecendo. Era o silêncio mais ruidoso possível. Um lançamento esquecido por quem deveria promovê-lo.
Assim, terminou a curta vida promocional de “A Place With No Name”. O single nasceu com potencial, mas foi enterrado por decisões erradas e uma execução desleixada. E com isso, o álbum “XSCAPE”, que começou com brilho, terminou com um suspiro abafado — vítima da falta de visão e cuidado com o legado de um dos maiores artistas de todos os tempos.