“O que todos querem de Michael Jackson?”
Essa pergunta me acompanha desde 1993. Hoje, 13 de junho de 2005, ela ecoa ainda mais forte — mas com um fundo de resposta diferente. Porque hoje, doze pessoas comuns, sem ligação com gravadoras, imprensa ou política, responderam o que nós já sabíamos há mais de uma década: Michael Jackson é inocente.
Não é teoria. Não é delírio de fã. É fato, confirmado em juízo, lido em voz alta, gravado na História.
A HIStória já estava escrita. Você só não prestou atenção

Em 1995, Michael lançou HIStory: Past, Present and Future – Book I. Todo mundo achou que era só mais um disco. Mas eu sabia — e agora você também sabe — que era um alerta. A trilha sonora de um homem que previa, verso por verso, o inferno que ainda enfrentaria.
Naquela época, a mídia zombava, chamava Scream de “histeria pop”, D.S. de “paranoia de celebridade”, Money de “vingança contra desafetos”. Mas essas músicas não eram sobre birra. Eram sobre sobrevivência.
“They don’t care about us.”
“He really tried to take me down by surprise.”
“So you call it trust? But I say it’s just in the devil’s game of greed and lust.”
Esses trechos agora soam como confissão de quem foi torturado por um sistema que o queria destruído.
Tom Sneddon: o personagem que virou vilão de disco
Quando Michael escreveu D.S., ele nos apresentou “Dom Sheldon”, o homem que “pensa que é o tal porque é BSTA” — um anagrama torto, mas funcional, de SBDA – Santa Barbara District Attorney.
Sneddon não precisava ser citado com nome e ID. Ele já estava na letra, na raiva contida, no sax rasgado, na respiração pesada do refrão. E em 2003, provando tudo o que Michael já tinha cantado, ele voltou. Não por dever, mas por obsessão.
Michael o havia confrontado publicamente. E Sneddon, ferido no ego, queria revanche. Mais que isso: queria o troféu da destruição de um homem negro, global, excêntrico e fora de controle midiático. Queria cravar seu nome na História não como defensor da lei — mas como algoz de uma lenda.
Mas falhou. De novo.
A imprensa brasileira também tem culpa
Quem viveu essa época no Brasil lembra com clareza do que foi ter apenas a TV aberta como fonte de informação. Enquanto nos Estados Unidos as transmissões do tribunal seguiam com seriedade e cobertura ampla, aqui éramos reféns de um espetáculo grotesco. Na TV Band, o apresentador José Luiz Datena chamava Michael Jackson de “vagabundo” ao vivo, enquanto o cantor se dirigia ao tribunal. E ele não parava por aí: soltava “outros nomes feios”, inflamando o preconceito e transformando um processo judicial em linchamento público nacional.
Enquanto isso, o Jornal Nacional da TV Globo sequer mencionava o julgamento. Nem uma nota. Nada. Silêncio. Para o maior telejornal do país, simplesmente não era relevante que o maior artista do mundo estivesse sendo acusado, julgado — e depois inocentado. Fãs brasileiros foram jogados entre o escárnio e o silêncio. E ainda assim, resistimos.
O álbum HIStory foi um julgamento antecipado
Scream é o desabafo de quem cansou de provar o óbvio.
This Time Around é o aviso: “não serei pego de novo.”
They Don’t Care About Us é a denúncia escancarada do racismo institucional.
Money é a profecia da chantagem.
Tabloid Junkie é a autópsia da imprensa.
2 Bad é a frustração convertida em enfrentamento.
Childhood é o pedido de compreensão.
D.S. é o dossiê.
E Smile… bem, Smile é o que a gente tenta fazer mesmo quando o mundo nos quebra os ossos e rouba o fôlego.
Quando a justiça falha, a memória precisa agir
Tom Sneddon morreu em 2014. Michael, em 2009. Ambos partiram, mas só um foi perseguido até o fim da vida por acusações falsas, invasões ilegais, um strip search humilhante e uma tentativa sistemática de destruição pública. A justiça o absolveu. Mas quantos anos ele perdeu, quantas noites ele deixou de dormir, quantos palcos ele evitou por medo de mais um golpe nas costas?
Sneddon teve tempo para se aposentar em paz. Michael teve que reaprender a viver após o tribunal.
Hoje, a pergunta é outra: vamos deixar isso ser esquecido?
Hoje é 13 de junho. Michael Jackson foi inocente.
E agora, essa verdade não pode mais ser ignorada.