Quando Bohemian Rhapsody ultrapassou os 900 milhões de dólares em bilheteria, Hollywood percebeu algo claro: as cinebiografias musicais não são apenas histórias — são eventos globais. Desde então, nomes como Elvis, Rocketman e Straight Outta Compton invadiram as telas, com resultados variados. Mas nenhum deles conseguiu destronar a cinebiografia de Freddie Mercury. Agora, todos os olhos se voltam para “Michael”, o aguardado filme sobre Michael Jackson.

Michael Jackson não é apenas mais um artista — ele é o artista. Sua influência atravessou gerações, continentes e estilos musicais. Do garoto prodígio dos Jackson 5 ao “Rei do Pop”, Jackson marcou a história com performances inesquecíveis, videoclipes revolucionários e uma presença de palco que ainda hoje é imitada, mas nunca igualada.

Segundo o estúdio Lionsgate, o projeto é ambicioso. A produção pode inclusive ser dividida em duas partes, dada a grandiosidade da carreira de Jackson. “É impossível contar toda essa história em apenas um filme”, afirmou o presidente do estúdio. E ele tem razão. Thriller, o álbum mais vendido da história, é apenas um capítulo de uma trajetória repleta de altos, baixos e um legado artístico sem precedentes.

A expectativa é clara: “Michael” pode ultrapassar Bohemian Rhapsody e se tornar a maior bilheteria de um filme musical da história. Com direção de Antoine Fuqua e Jaafar Jackson — sobrinho de Michael — interpretando o próprio tio, a autenticidade promete ser um dos pontos fortes do longa. E isso importa. O público quer verdade, emoção e, acima de tudo, música de qualidade.

Mas existe um desafio. Enquanto Bohemian Rhapsody foi criticado por suavizar aspectos controversos da vida de Freddie Mercury, “Michael” terá que encarar de frente os escândalos que marcaram os anos finais de Jackson. A abordagem escolhida será fundamental para o sucesso (ou fracasso) do projeto. Ignorar esses temas pode afastar o público. Enfrentá-los com sensibilidade, por outro lado, pode gerar uma narrativa poderosa e humana.

Mesmo com polêmicas no passado, Michael Jackson ainda é amado ao redor do mundo. Seus vídeos somam bilhões de visualizações nas plataformas digitais, e suas músicas continuam embalando trilhas sonoras, campanhas e pistas de dança. O mundo não esqueceu Michael — e agora parece pronto para conhecê-lo ainda mais de perto.

Hollywood sabe que não está lidando apenas com uma estrela. Está lidando com um fenômeno cultural. Um artista que quebrou recordes, quebrou barreiras raciais e influenciou todos os que vieram depois. Se bem feito, o filme “Michael” pode não só render milhões, mas se tornar uma obra definitiva sobre a vida de um dos maiores ícones da música.

Além disso, a divisão do filme em duas partes pode ser estratégica. Filmes como Wicked, com lançamento duplo, mostraram que essa fórmula pode funcionar e lucrar ainda mais. Para fãs e novos públicos, isso significa mais tempo para mergulhar na trajetória de Jackson — da infância em Gary, Indiana, ao estrelato planetário.

Com o marketing certo, trilha sonora original, cenas marcantes e um roteiro que respeite a complexidade do astro, “Michael” tem tudo para fazer história — não só como filme, mas como evento cultural. E talvez, como muitos já apostam, ultrapassar até mesmo a marca do bilhão nas bilheteiras.

O Rei do Pop pode, mais uma vez, reinar absoluto — agora nas telas do cinema. E se isso acontecer, não será apenas um triunfo para os estúdios. Será um reconhecimento tardio, mas merecido, da grandiosidade de Michael Jackson diante do público mundial.