Fã solta pombas na porta da corte ao que houve as absolvições de Michael Jackson em 13 de Junho de 2005.

#MJInnocent: o dia em que só os fãs comemoraram — e a mídia lamentou

Aquele era um dia comum. Segunda-feira, tela azul do computador aberta, código pra revisar, layout pra ajustar. Eu trabalhava com web design e, embora soubéssemos que o veredito do julgamento de Michael Jackson podia sair a qualquer momento, já tinham sido tantas falsas expectativas que ninguém mais contava com aquele 13 de junho.

Até que o juiz Melville anunciou: o júri tinha uma decisão.
Ali, o dia mudou de cor. Tudo parou. O café ficou gelado na mesa, o cursor piscando na tela parecia zombar da minha ansiedade. Mãos frias. Um peso no peito. E uma vontade absurda de estar em qualquer lugar… menos ali.

Comecei a buscar links, sites internacionais, qualquer transmissão. A TV aberta? Uma vergonha. Enquanto Michael seguia pro tribunal, um apresentador brasileiro vociferava “vagabundo!” e outros insultos ao vivo, como se justiça se fizesse no grito. Quem só tinha acesso a isso foi envenenado em tempo real. Já a maior emissora do país sequer mencionou a decisão naquela noite. O silêncio era escolha — e das mais covardes.

No escritório, enquanto a leitura do veredito começava, cada “Not Guilty” era uma descarga elétrica no meu corpo. Eu tremia. Vibrava. Mas com contenção. Porque a cada comemoração minha, sentia os olhares tortos dos colegas. Alguns achavam exagero, outros não se importavam. E muitos já tinham julgado o Michael antes do júri.

Dez vezes “inocente”. Dez vezes minha alma voltando pro corpo.
Mas ninguém ali entendia o que aquilo significava. Não era só sobre um ídolo, era sobre justiça num mundo que prefere destruir do que entender.

Não houve grito. Não houve brinde. Só um nó na garganta.
Mas também houve alívio — e ele veio dos amigos que sentiam o mesmo. Mensagens trocadas, ligações apertadas, lágrimas silenciosas. A gente se achou naquele caos.

Michael saiu do tribunal destruído, mas de cabeça erguida. E eu, num canto qualquer do Brasil, voltava ao trabalho com os olhos marejados e a certeza de que a verdade tinha vencido. Sozinha, ferida, ignorada por muitos — mas viva.

E eu vi. Eu senti. Eu vivi.