No auge dos anos 80, quando os videoclipes eram quase tão importantes quanto as músicas e a cultura pop respirava glamour, uma simples fotografia conseguiu dizer mais do que qualquer mega produção da época. A imagem mostrava algo improvável: Michael Jackson e Paul McCartney lavando louça juntos — no rancho de Paul, em Sussex, Inglaterra.
Não havia palcos, nem figurinos brilhantes, muito menos plateias histéricas. Apenas os dois, lado a lado, com as mãos mergulhadas em água e sabão. O Rei do Pop e um dos maiores gênios dos Beatles, unidos em uma cena simples, quase banal, mas cheia de significado.
Por trás daquele momento descontraído, uma conversa aparentemente casual acabaria gerando uma das negociações mais comentadas da história da música. McCartney, que já investia em direitos autorais de músicas, compartilhou com Michael um conselho valioso: investir em catálogos musicais era uma forma inteligente e lucrativa de garantir estabilidade financeira.
O que Paul não imaginava é que Michael levaria essa ideia extremamente a sério. Em 1985, Jackson surpreendeu o mercado comprando a ATV Music Publishing, empresa que detinha os direitos de grande parte do catálogo dos Beatles. A compra, avaliada em 47,5 milhões de dólares, gerou desconforto e frustração em Paul, que, como muitos sabem, sempre desejou reaver as músicas que ajudou a compor ao lado de John Lennon.
Sim, Paul ficou chateado. Não era apenas uma questão de dinheiro — era seu legado, sua história. Mas, ao contrário do que muitos acreditam, isso não destruiu a amizade entre eles. As mágoas existiram, mas ficaram em segundo plano diante do respeito e do carinho construídos ao longo dos anos.
Prova disso é que, anos depois, McCartney visitou Michael no set de gravação do icônico clipe “Black or White”, de 1991. Além disso, os dois continuaram se encontrando em jantares privados e em visitas ao rancho Neverland, onde compartilhavam conversas longe dos holofotes, relembrando os tempos de parceria e fortalecendo a amizade.
Hoje, aquela foto dos dois lavando louça na cozinha de Sussex se tornou muito mais do que uma lembrança de um trabalho conjunto. Ela é o símbolo de uma amizade que, mesmo pressionada por negócios milionários e decisões difíceis, resistiu ao tempo, às mágoas e ao próprio mercado implacável da indústria musical.
