Thriller, o álbum mais vendido da história, segundo o próprio Michael Jackson | MJ Beats
Thriller, o álbum mais vendido da história, segundo o próprio Michael Jackson | Michael Jackson Thriller Era MJ Beats

Thriller, o álbum mais vendido da história, segundo o próprio Michael Jackson

“Thriller”, o sexto álbum de estúdio de Michael Jackson, lançado em 1982, continua sendo uma força inabalável na música mundial. Com mais de 120 milhões de cópias vendidas, o disco é o mais comercialmente bem-sucedido de todos os tempos. Das nove faixas, sete foram lançadas como single — algo raro até hoje — e mudaram os rumos da música e da cultura pop.

Por trás desses sucessos, existiam histórias, colaborações e visões criativas que Michael Jackson nunca guardou para si. Em sua autobiografia Moonwalk, publicada em 1988 e agora relançada no Brasil pela editora Estética Torta, o Rei do Pop compartilhou suas memórias e sentimentos sobre a criação de cada uma das músicas de Thriller. O livro oferece um mergulho direto na mente do homem que redefiniu a indústria musical.

Sobre “The Girl Is Mine”, parceria com Paul McCartney, Michael conta que a ideia surgiu de uma relação antiga. Eles haviam se encontrado em uma festa ainda nos anos 1970, quando Paul cantou para ele “Girlfriend”, canção composta por Paul e Linda McCartney antes mesmo de conhecerem Michael pessoalmente. A colaboração entre os dois só se concretizaria anos depois.

Foi durante a produção de Thriller que Michael ligou para Paul e sugeriu uma parceria. Dessa reaproximação nasceram “The Girl Is Mine” e também “Say, Say, Say”. A primeira acabou sendo escolhida como o single de abertura do álbum. “Com dois nomes fortes como aqueles, era melhor lançá-la antes que a música fosse tocada à exaustão. Precisávamos tirá-la do caminho”, escreveu Jackson.

Em “Billie Jean”, a história por trás da canção envolvia mais do que um simples refrão chiclete. Michael disse que se inspirou em situações reais vividas por seus irmãos, que frequentemente eram alvo de falsas alegações de paternidade. A letra é uma colagem dessas experiências. Ele sabia que o single seria um sucesso ainda durante sua criação: “Você sente quando a música vai estourar. ‘Billie Jean’ me dava essa sensação”.

Durante as gravações, ele ficou tão absorvido pela música que quase perdeu a vida. Enquanto dirigia com um amigo, foi alertado por um motociclista de que seu carro estava pegando fogo. Só então notaram a fumaça e pararam. “Aquele garoto provavelmente salvou nossas vidas. Mas eu estava tão imerso em ‘Billie Jean’ que nem percebi o perigo”, relatou.

Já “Beat It” nasceu de um desejo de passar uma mensagem de não-violência. Michael queria algo forte e diferente das músicas de rock convencionais. Para isso, trouxe Eddie Van Halen, que gravou um solo icônico. Curiosamente, Eddie achou que o convite de Quincy Jones era trote. Depois de um mal-entendido ao telefone, aceitou e contribuiu gratuitamente.

O videoclipe de “Beat It” também teve sua dose de ousadia. Em vez de atores, Michael quis gangues reais. “Os caras eram durões de verdade. Nem passaram pelo figurino. Aquele clima era real”, contou ele, deixando claro que autenticidade era prioridade, mesmo no risco.

Human Nature”, por outro lado, foi uma escolha de sensibilidade. Apresentada pelos músicos do grupo Toto, a canção encantou Quincy e Michael logo na primeira audição. A letra não foi inspirada em nenhuma situação pessoal específica. Para Jackson, o mais importante era emocionar o público com a união de melodia, arranjo e sentimento.

Mas foi em “Thriller” que Michael decidiu ir além da música. Ele não queria apenas um videoclipe, mas um filme em miniatura. E foi atrás do diretor John Landis, responsável por Um Lobisomem Americano em Londres, para criar o conceito visual. O resultado foi um divisor de águas. “Não queria apenas clipes. Eu queria algo que grudasse as pessoas na frente da TV”, afirmou.

A gravadora hesitou em investir tanto dinheiro em videoclipes. Michael então pagou os vídeos de “Beat It” e “Thriller” do próprio bolso. E o investimento valeu. “As vendas explodiram. Em 1984, vendíamos um milhão de discos por semana. Um sonho realizado”, escreveu ele com orgulho.

A força de Thriller permanece até hoje. Mais do que um disco, é um marco cultural. E o que torna esse legado ainda mais poderoso é poder ouvir diretamente do próprio Michael Jackson como tudo aconteceu — sem intermediários, versões distorcidas ou exageros. Apenas ele, contando a verdade por trás da obra que mudou a música para sempre.