Na década de 1970, em plena ditadura militar, o Brasil vivia um tempo de restrições culturais e raríssimos shows internacionais. Foi nesse cenário que Belo Horizonte recebeu um dos maiores grupos musicais da época: o Jackson Five. O Estádio da Independência se transformou em palco para uma noite que até hoje é lembrada por quem esteve presente.

A turnê dos irmãos Jackson passou por várias capitais brasileiras, mas em Minas Gerais o clima foi diferente. O público mineiro aguardava ansioso para ver de perto aqueles jovens que já faziam sucesso no mundo inteiro. Entre eles estava Michael Jackson, que começava a brilhar mais que os holofotes ao seu redor.

A data entrou para a história: era 18 de setembro de 1974 quando a cidade presenciou algo inédito. O estádio estava lotado, as arquibancadas vibravam e milhares de vozes aguardavam o primeiro acorde. O Jackson Five surgiu no palco com energia contagiante, e dali em diante, Belo Horizonte se rendeu.

O repertório era uma coleção de sucessos. “ABC”, “I Want You Back”, “I’ll Be There”, “Never Can Say Goodbye” e “I Wanna Be Where You Are” ecoaram pelas arquibancadas como hinos. Cada canção era recebida com euforia, e muitos fãs guardaram na memória a sensação única de cantar junto com seus ídolos.

Randy, o mais novo dos irmãos, encantava ao tocar percussão. Mas era impossível desviar os olhos de Michael, então com apenas 16 anos. Seus movimentos, sua voz firme e o magnetismo com o público faziam todos perceberem que aquele jovem tinha algo especial. Ele não era apenas o vocalista principal: era a estrela em ascensão que transformava cada canção em espetáculo.

O impacto ia além da música. Em um país fechado politicamente, a presença dos Jackson Five em Belo Horizonte representava uma abertura cultural inesperada. Por algumas horas, a cidade se desligou da realidade dura e mergulhou em um show que conectava Minas Gerais ao que havia de mais vibrante na cena musical mundial.

Décadas depois, aquele 18 de setembro ainda é lembrado como um marco. O público que esteve no Estádio da Independência não apenas assistiu a um show, mas testemunhou o início da trajetória solo de quem se tornaria o maior artista pop de todos os tempos. Belo Horizonte fez parte dessa história – e jamais esqueceu.