O último espetáculo começou na fila: This Is It em pré-venda | MJ Beats
Banner de pré-venda do filme "This Is It"

O último espetáculo começou na fila: This Is It em pré-venda

Existem momentos em que a cultura pop se dobra diante do luto. Em 27 de setembro de 2009, não foi apenas um ingresso que se colocou à venda. Foi a promessa de um adeus. A pré-venda de Michael Jackson’s This Is It transformou cinemas em templos improvisados e a experiência de comprar bilhetes em rito coletivo.

Era o último espetáculo, e ele começava fora da tela. A morte de Michael havia transformado os 50 shows de Londres no maior concerto que nunca aconteceu. O filme nasceu desse vazio. A Sony, pragmática e fria, tratou a ausência como oportunidade: US$ 60 milhões investidos, uma janela limitada de duas semanas, o marketing da escassez. Mas os fãs, em vez de hesitar, corresponderam como quem corre para pegar o último trem. O servidor caiu, os recordes caíram junto.

É curioso: a mesma indústria acusada de explorar o artista foi a que permitiu que o público o visse vivo uma última vez. Não em hologramas ou remixes, mas no trabalho cru de ensaio — exigente, perfeccionista, ainda capaz de mobilizar multidões sem sequer sair do palco de ensaio. Entre crítica e devoção, o resultado foi inegável: US$ 268 milhões de bilheteria, recorde mundial de documentário musical, e salas brasileiras lotadas, com 331 mil espectadores no primeiro fim de semana.

This Is It nunca foi apenas um filme. Foi a metáfora da perda transformada em mercadoria, e da mercadoria transformada em luto compartilhado. Naquele 27 de setembro, comprava-se menos um ingresso e mais um adeus coletivo.