por Derneval Ferraro Junior, Fã de Michael Jackson
”Era como se o tempo tivesse parado. As luzes se apagaram, o som cessou e, no centro do palco, uma silhueta imóvel tomou forma. Por três minutos inteiros, Michael Jackson não se moveu — e o estádio inteiro veio abaixo em gritos, lágrimas e histeria. Era impossível respirar. Então, de repente, um estrondo de percussão rompeu o silêncio: “Jam” começava. Michael explodiu em energia, ladeado por seus bailarinos, e o chão do Morumbi parecia tremer sob os pés de milhares de fãs.
O breu tomou conta mais uma vez. Quando as luzes voltaram, ele reapareceu — camisa dourada, olhar fixo e o microfone em punho. “Wanna Be Startin’ Somethin’” incendiou o estádio. O jogo de luzes transformava o palco em uma tempestade de cores.
Depois, veio “Human Nature”, e o clima mudou completamente. Era pura emoção. Michael parou, imóvel, enquanto feixes de luz iluminavam o público, revelando rostos em prantos. Então, uma sombra imensa se projetou atrás dele, e o homem de chapéu branco e blazer claro ressurgiu para um dos momentos mais cinematográficos da noite: “Smooth Criminal.”
O bastão em suas mãos disparava fagulhas, o palco parecia uma explosão controlada de arte e tecnologia. Quando a música terminou, os dançarinos tombaram sob rajadas de fogos, e a plateia gritou como se o mundo fosse acabar. A atmosfera mudou de novo. Michael voltou com “I Just Can’t Stop Loving You”. Escolheu uma fã da plateia, dançou com ela, a abraçou. Ele se ajoelhou, parecia chorar, sussurrando “I love you.” Era beleza pura. Em seguida, vestindo uma jaqueta prateada, o Rei iniciou um medley do Jackson 5, e os telões mostraram cenas antigas dele e dos irmãos. Um mergulho no passado. Ninguém conteve as lágrimas.
E então veio “Thriller.” O palco se transformou em um pesadelo espetacular: zumbis, monstros, fumaça. Michael reinava sobre o caos, comandando cada passo com perfeição. Logo após, “Billie Jean” — ele sozinho, luva brilhando, passos deslizantes, o lendário Moonwalk. O público gritava seu nome. Depois do clipe nos telões, “Will You Be There” trouxe uma calmaria breve, com dançarinos vestidos de branco e um coral que parecia celestial. O ritmo voltou com “Dangerous”, o carro-chefe da turnê. E quando os telões mostraram Macaulay Culkin, o estádio soube o que viria: “Black or White.” Ao lado da guitarrista de cabelo moicano, Michael explodiu novamente. A multidão delirava.

O show se aproximava do fim. “We Are The World” ecoou em uníssono, e o público, agora parte do espetáculo, cantava junto. Depois, “Heal the World”, com um coral de crianças órfãs — um encerramento de pura emoção. Fogos de artifício riscaram o céu paulistano, transformando o Morumbi em um universo de luz. Michael não voltou para o bis, e “Man in the Mirror” ficou como uma ausência sentida, mas talvez proposital — como um silêncio que dizia tudo.
Quando as últimas notas se apagaram, o público deixou o estádio como quem desperta de um sonho futurista. Foram quase duas horas de magia, um videoclipe vivo e colossal que uniu gerações. E naquela noite, em São Paulo, todos tiveram certeza de uma coisa: haviam presenciado o impossível — o maior show da Terra.”




