por Armando Antenore
‘‘Michael Jackson, 35, tem complexo de Peter Pan. Ou, pelo menos, adora fingir que tem. Ontem de manhã e à tarde, assessores do popstar abasteceram a imprensa com informações que conduziam quase sempre para a mesma conclusão: Michael é uma criança grande, um marmanjo que não quer crescer.
Primeiro, teve a história do Playcenter. Quarta-feira à noite, mal pisou no Brasil, o cantor quis visitar o parque de diversões. Brincou em metade das atrações, tomou refrigerante, comeu “favo holandês” (waffles com doce de leite) e se lambuzou de caramelados. Quando retornou ao hotel, depois de tanta guloseima, ainda encontrou estômago para devorar confeitos de chocolate, da marca norte-americana M&M.
Também na quarta-feira à noite, Michael pediu que lhe comprassem uma barraca de camping para quatro pessoas, oito posters com ilustrações infantis, quatro lanternas pequenas e um rolo de fita colante. Os assessores do artista saíram à luta e conseguiram encontrar todas as encomendas.
Ninguém da produção arriscou dizer o que Michael fez com tantos badulaques. Falaram, apenas, que o cantor está em companhia de três crianças, todas de Los Angeles. E que, às vezes, os garotos sobem à suíte do popstar para brincar.
Certo mesmo é que ontem de manhã Michael chamou assessores, disse-lhes que perdeu as baterias das lanternas e pediu outras. Aproveitou a deixa para passar nova lista de compras: livro com fotos de índios brasileros e crianças, fitas virgens de vídeo, pistolas d’água e balões de ar.
Fábio Cozzolino, 29, um dos responsáveis pela segurança de Michael, afirmou que há máquinas de fliperama na suíte do cantor. Outros assessores informaram que Xuxa enviou anteontem para o popstar uma cesta com flores campestres, pirulitos e duendes em miniatura. O presente incluía uma foto da “rainha dos baixinhos”. O retrato, em preto e branco, trazia um recado: “Dear Michael, welcome to Brazil. Xuxa. 13/10.”
Entre todos os caprichos do cantor o que mais chama a atenção é o desejo de ganhar um uniforme completo da Ronda. Michael adorou a roupa dos batedores que o escoltaram até o Playcenter. Ele pediu à DC-Set, produtora dos shows no Brasil, que lhe providenciasse modelito idêntico, tamanho médio, com sapatos número 42.’’
Folha de São Paulo, outubro de 1993




