Na noite de 17 de outubro de 1993, Michael Jackson fez história no Estádio do Morumbi, em São Paulo. Era a segunda e última apresentação da Dangerous World Tour no Brasil e uma das últimas da turnê mundial. Mais de 95 mil pessoas se reuniram para assistir ao maior ícone pop do planeta. O show começou às 19h55, após um leve atraso para o anoitecer. Mesmo antes de o espetáculo começar, o estádio já estava completamente tomado. Parte do público foi autorizada a descer das arquibancadas para o gramado, onde o clima era de pura euforia.
O palco, considerado um dos mais avançados já vistos no país, foi montado por uma equipe de mais de 300 técnicos e operários, trazidos de vários países. A estrutura incluía telões laterais de alta definição, torres de som e iluminação computadorizada. A segurança foi reforçada: 1.110 policiais militares trabalharam dentro e fora do estádio. Segundo dados da Unicor, foram realizados 500 atendimentos médicos durante a noite — a maioria de fãs desidratados ou em crise de ansiedade.
Quando as luzes se apagaram e os primeiros sons de “Jam” ecoaram, o estádio inteiro gritou como se o chão fosse ceder. Michael surgiu em meio à fumaça, imóvel, com a silhueta iluminada. Bastou esse gesto para que 95 mil vozes se unissem em histeria. O setlist trouxe os maiores sucessos: “Wanna Be Startin’ Somethin’”, “Smooth Criminal”, “Thriller”, “Billie Jean”, “Black or White” e “Heal the World”, que encerrou a noite. Mesmo com alguns momentos em que os instrumentos abafaram a voz de Michael, o impacto visual e sonoro da apresentação compensou qualquer falha técnica.
A produção estimou mais de 5 milhões de dólares investidos apenas na parte técnica e logística, um marco para a época. O show simbolizou o quanto o Brasil havia se tornado relevante no mapa das grandes turnês internacionais. Para muitos fãs, aquela noite foi a primeira vez que viram um espetáculo de padrão mundial ao vivo.
Três décadas depois, o show de 17 de outubro de 1993 continua sendo lembrado como um dos maiores eventos musicais da história do país. O que aconteceu no Morumbi não foi apenas uma apresentação, mas uma demonstração de poder artístico e conexão humana. Michael Jackson encerrou ali uma era de ouro da música pop, deixando no Brasil o registro de uma noite em que o impossível parecia real.
E quem esteve lá ainda diz, com brilho nos olhos: “Eu vi o Rei do Pop.”




