O ano de 1997 trouxe uma nova dimensão à vida e à arte de Michael Jackson. Em dezembro daquele ano, a revista norte-americana LIFE Magazine publicou um registro íntimo e profundamente revelador: a descrição de Michael sobre sua experiência com a paternidade e como a chegada de seu primeiro filho, Prince Michael Jr., havia reescrito sua visão de mundo e, sobretudo, seu entendimento de Deus.
O nascimento de Prince foi classificado por Michael como uma “experiência incrivelmente alegre”, algo que transcendia qualquer outro milagre da vida. Seu depoimento da época era o de um pai em êxtase, tomado por uma ternura e felicidade que se mantinham 24 horas por dia. O Rei do Pop, conhecido por sua dedicação implacável à arte, agora voltava sua energia para um novo e ambicioso papel: ele prometia se esforçar incansavelmente para ser o melhor pai do mundo.
A Tradição e o Milagre nos Olhos do Filho
A escolha do nome de seu primogênito carregava uma homenagem à ancestralidade, uma manutenção da tradição familiar que era a base de sua própria história.
“O nome é Prince Michael Junior. Meu avô e meu bisavô se chamavam Prince… Agora temos um terceiro Prince na família,” afirmou Michael.
A seu lado, Debbie Rowe, mãe de Prince, quebrou publicamente o mito de que Michael não participava dos cuidados do bebê. Ela o descreveu como um pai maravilhoso, paciente e protetor, que não apenas alimentava e segurava o filho, mas, claro, cantava para ele.
O mais profundo impacto da paternidade, contudo, tocou a espiritualidade de Michael. Todo seu senso sobre Deus e o Sagrado foi redefinido.
“Quando olho nos olhos do meu filho, vejo milagres e vejo beleza… Vejo Deus através do meu filho,” ele declarou.
É a confirmação de que, para Michael Jackson, o Humanitarismo e o Sagrado estavam intimamente ligados, sendo o amor paternal a mais pura manifestação do divino.
O Cuidado Protetor contra o ‘Aquário’ da Fama
Para Michael, que viveu em um “aquário” a vida inteira, a proteção da privacidade de seu filho era uma prioridade inegociável. Ele fez questão de agradecer aos fãs pela compreensão sobre a importância de proteger sua família dos olhos do público. Michael Jackson só queria que seu filho tivesse a chance de ser uma criança comum, com uma vida normal, livre do caos e da perturbação que a exposição pública lhe impôs.
Ao olhar para o futuro de Prince, Michael expressava o desejo de que o filho crescesse cercado de amor e agraciado com a melhor educação possível. Acima de tudo, ele desejava que Prince usasse seus recursos para ajudar os menos afortunados, dando continuidade ao imenso legado humanitário que Michael construiu ao longo de sua vida.
Não há prova mais eloquente da realização desse desejo do que a atuação de Prince na Heal Los Angeles Foundation. Fundada em 2016, a organização não só carrega um nome que ecoa a icônica missão global de seu pai (Heal The World) como se dedica a combater o abuso infantil, a falta de moradia e a fome na região de Los Angeles. Se Michael estivesse aqui para ver Prince liderar essa iniciativa, promovendo a união e a resiliência em nome da solidariedade que ele sempre defendeu, sentiria um orgulho inesgotável.
Essa entrevista é um lembrete vívido da essência de Michael Jackson: um artista genial que encontrou na paternidade a força para redefinir sua fé, sua missão e seu amor. Um homem que, apesar de Rei, só queria que seu filho fosse livre.
Por Eliza de Oliveira Zambrano, redatora da MJ Culture




