Pouca gente imagina que, por trás da imagem pop e da dança revolucionária, Michael Jackson possuía um dos alcances vocais mais raros da música moderna. Segundo seu treinador vocal, Seth Riggs, o cantor alcançava cerca de quatro oitavas e meia, um número incomum para vozes masculinas. Esse dado, longe de ser apenas técnico, ajuda a entender por que sua voz atravessava gêneros, emoções e gerações.
Embora fosse conhecido como tenor, Michael não estava limitado a essa classificação. Ele podia cantar confortavelmente em regiões mais altas, mas também descia a notas graves com surpreendente controle. Ele poderia ter cantado como barítono, se quisesse, algo raro para um artista que dominava o palco com tanta leveza. Essa flexibilidade explicava sua capacidade de soar agressivo, doce ou frágil em uma mesma canção.
Riggs afirmava que, quando a laringe permanecia estável, Michael conseguia vocalizar até um dó grave profundo, região associada a vozes de baixo. Para se ter ideia da raridade disso, o próprio treinador admitia não alcançar tais notas. Michael, por sua vez, descia com naturalidade até o mi bemol, nota típica de cantores de ópera, como os baixos presentes em Die Zauberflöte.
Nada disso era fruto do acaso. Michael treinava a voz diariamente, com disciplina quase obsessiva. Seth Riggs desenvolveu para ele uma abordagem vocal diferente, focada em preservar a voz e ampliar o alcance sem forçar. Esse método permitia que Michael transitasse entre registros sem perder identidade, potência ou clareza, algo que muitos cantores jamais conseguem dominar.
No fim, esse alcance vocal extraordinário não era apenas um dado curioso, mas um dos pilares de sua genialidade artística. Ele ajudava a sustentar performances intensas, gravações precisas e uma assinatura vocal impossível de imitar. A voz de Michael Jackson não era apenas talento: era técnica, treino e visão, elementos que, juntos, explicam por que ele continua sendo estudado, ouvido e admirado décadas depois.
Ouça o treinamento vocal do Rei do Pop:




