Muito antes de “Dangerous” se tornar um momento histórico no palco, uma ideia já estava viva. O coreógrafo LaVelle Smith Jr. conta que criou aquele dance break um ano antes, inspirado na música “Can’t Let Her Get Away”. Era um exercício criativo, feito por prazer, mas também com a esperança silenciosa de que um dia pudesse ser usado ao lado de Michael Jackson.

A faixa o conquistou de imediato. O ritmo funky, cheio de acentos e cortes secos, parecia pedir movimento:

Naquele período, ele vinha construindo uma verdadeira biblioteca pessoal de coreografias. Passos criados sem encomenda, guardados como ideias prontas, esperando o momento certo. Não havia garantia de que seriam usados, mas havia convicção de que, se a chance surgisse, ele estaria preparado.

E a chance veio. Quando Michael pediu que ele coreografasse “Dangerous” para o American Music Awards, tudo fez sentido. Aquela sequência criada meses antes encaixou perfeitamente na nova música. Foi um ajuste natural, quase imediato, como se o som e o movimento tivessem sido feitos um para o outro.

O resultado é hoje lembrado como um dos trechos mais marcantes da apresentação. Não foi acaso, nem improviso de última hora. Foi o encontro entre preparo, timing e visão artística. Como o próprio LaVelle resume, aquela coreografia não apenas funcionou em “Dangerous”: ”ela parecia destinada a estar ali desde o começo.”