Agosto de 1994. Enquanto o mundo seguia normalmente, algo especial acontecia dentro do Hit Factory Studios, em Nova Iorque. Michael Jackson estava imerso nas gravações do álbum HIStory, um dos projetos mais pessoais e ambiciosos de sua carreira. Mas, como quase tudo em sua vida criativa, aquele momento tomaria um rumo inesperado.

Em meio às sessões, Michael decidiu compor uma música de Natal. A ideia, por si só, já soava incomum. Mas, para ele, não fazia sentido criar algo apenas no papel. Se era Natal, então o ambiente precisava sentir o Natal, mesmo com o verão americano do lado de fora.

Foi então que o estúdio se transformou. Árvores decoradas, luzes coloridas, guirlandas espalhadas e até neve artificial tomaram conta do espaço. Do lado de fora, os termômetros marcavam cerca de 30 graus. Por dentro, o clima era outro. Quem entrava ali sentia que havia sido transportado para dezembro.

Brad Sundberg, engenheiro de som que trabalhou com Michael por mais de dez anos, lembra bem da cena. Segundo ele, Michael queria que todos entrassem no espírito, não apenas como profissionais, mas como pessoas. Aquilo não era só uma gravação. Era uma experiência.

Para completar, Michael convidou um coral infantil para participar da música. As crianças enchiam o estúdio de vozes e risadas, trazendo uma energia que nenhum equipamento seria capaz de criar. O momento mais marcante veio depois: Michael distribuiu presentes, um por um, para cada criança. Nada foi apressado ou automático. Ele fez questão de olhar, sorrir e participar.

Brad conta que a alegria das crianças iluminava o ambiente mais do que qualquer decoração. Ali, o Natal não era um conceito, era algo vivo. Um sentimento compartilhado, mesmo fora de época, mesmo sem plateia.

Em uma foto guardada daquele dia, Brad aparece vestido de Papai Noel, ao lado de Brian Vibberts, outro integrante da equipe, caracterizado como um elfo. A imagem resume bem o espírito daquele momento: leve, humano e inesperado.

A música, curiosamente, nunca foi lançada. Mas talvez isso nem seja o mais importante. O que ficou foi a memória de um artista que não queria apenas gravar canções, mas criar momentos reais. Como resumiu Brad: Michael não queria fazer uma música de Natal. Ele queria criar um Natal.