Era Natal quando Michael Jackson estava imerso nas gravações do álbum HIStory, em Nova York. Enquanto o mundo via apenas o artista concentrado em um de seus trabalhos mais intensos, havia uma realidade paralela acontecendo longe dos microfones. Um de seus sobrinhos havia acabado de perder a mãe, esposa de Tito Jackson, que morreu afogada em sua piscina em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas. Michael sabia que aquele seria um período delicado e não queria que a dor fosse enfrentada em solidão.

Mesmo dividido entre longas sessões de estúdio, Michael encontrou uma forma prática e sensível de agir. Ele se recusava a deixar as crianças sozinhas, especialmente em uma data tão simbólica quanto o Natal. Foi então que pediu ao seu secretário, Ivvy, que entrasse em contato comigo para saber se as crianças da família Cardona poderiam viajar até Nova York e se juntar a eles.

Michael havia conhecido a família Cardona anos antes, em seu rancho na Califórnia. Javier e Marciella trabalhavam no local e, com o tempo, criaram uma relação de confiança e afeto com ele. Eles tinham três filhos, Gabriel, Xavier e Cytllally.

Sem hesitar, Michael providenciou tudo. A família inteira viajou para Nova York e foi hospedada em um hotel de primeira classe. Nada foi improvisado ou feito pela metade. Para Michael, acolher significava garantir conforto, segurança e dignidade, especialmente quando envolvia crianças e um momento de fragilidade emocional.

Durante aquela estadia, o clima foi transformado. Todas as crianças, incluindo seus sobrinhos, foram levadas a uma grande loja de brinquedos, com tudo pago por Michael. Não havia limites nem pressa. Era menos sobre presentes e mais sobre devolver, ainda que por algumas horas, a leveza que o luto tenta roubar.

O gesto final selou aquele Natal de forma especial. Michael organizou uma festa dentro do próprio estúdio, com comida farta, brincadeiras e até a visita de um Papai Noel. O espaço normalmente tomado por equipamentos e tensão criativa se tornou um lugar de riso, acolhimento e normalidade — algo raro para crianças que vinham de uma perda tão recente.

Esse relato foi compartilhado por Bea Swedien, esposa do lendário engenheiro de som Bruce Swedien, revela um lado pouco explorado de Michael Jackson. Longe dos palcos e das manchetes, ele demonstrava algo simples e poderoso: a capacidade de usar sua posição não para impressionar, mas para cuidar. Em meio à criação de um álbum HIStórico, ele fez algo ainda maior, ofereceu presença, proteção e humanidade.