(inspirado pela pesquisa conjunta com o “Falando de Maico”)
Recentemente, um achado intrigante envolvendo fitas cassete de Michael Jackson reacendeu a curiosidade dos fãs sobre músicas inéditas do Rei do Pop. Gregg Musgrove, um ex-oficial da Patrulha Rodoviária da Califórnia, revelou ter adquirido um depósito em San Fernando Valley, Califórnia, que pertencia ao produtor e colaborador Bryan Loren.
Dentro do depósito, foram encontradas 16 fitas contendo 15 faixas gravadas entre 1989 e 1991, durante as sessões do álbum Dangerous. Mas será que essas gravações têm algum valor inédito para o espólio de Michael Jackson? Vamos entender os detalhes.
Fitas cassete x Master Tapes
Antes de tudo, é importante esclarecer a diferença entre os formatos dessas fitas e seu impacto no valor do material:
Fitas cassete: As fitas encontradas por Musgrove são cópias de gravações, geralmente utilizadas para testes, revisões ou armazenamento temporário. São de qualidade inferior e não contêm os detalhes técnicos completos das gravações originais.
Master Tapes: Estas são as fitas originais, com qualidade máxima, obtidas diretamente do processo de gravação. São consideradas o “produto final” antes de uma música ser mixada ou masterizada para lançamento. O Espólio de Michael Jackson já possui as Master Tapes dessas músicas, tornando as fitas cassete encontradas redundantes.
As faixas encontradas
O inventário das fitas inclui títulos curiosos, como:
“Son of Thriller”: Possivelmente uma tentativa de dar sequência temática ao sucesso “Thriller”.
“To Satisfy You”: Escrito por Michael e Bryan Loren, foi lançado por Loren em seu álbum Music From The New World (1992), com participação vocal de Michael. Também foi regravada por Damion Hall em 1994, sem os vocais de Michael.
“Truth on Youth”: Uma gravação completa, que conta com a participação de LL Cool J.
“Serious Effect”: Outra colaboração com LL Cool J, nunca lançada oficialmente, mas amplamente conhecida entre os fãs.
“Work That Body” e “Pretty Face”: Faixas menos conhecidas, gravadas durante as sessões com Loren.
Embora algumas músicas já sejam conhecidas, outras, como “Call It Off” e “Bubbles“, são pouco documentadas e permanecem envoltas em mistério.
Por que o Espólio não se interessou?
O Espólio de Michael Jackson optou por não adquirir as fitas, e os motivos são claros:
1. Cópias redundantes: Como explicado, as fitas cassete não têm o valor técnico ou histórico das Master Tapes, que já estão em posse do espólio.
2. Conteúdo conhecido: Músicas como “To Satisfy You” e “Serious Effect” já são familiares para os fãs.
3. Baixo impacto comercial: O espólio prefere priorizar lançamentos que tragam relevância cultural ou impacto financeiro significativo, como Thriller 40.
4. Riscos legais: Qualquer tentativa de lucrar com essas fitas poderia levar a processos e multas severas, uma postura comum do espólio para proteger os direitos de Michael Jackson.
Por que o espólio não fez um comunicado?
Embora o caso tenha gerado curiosidade na comunidade de fãs, ele não é relevante para o público em geral. As fitas cassete não adicionam novidades ao legado de Michael Jackson, e um comunicado oficial poderia gerar mais especulação do que esclarecimento. Para o espólio, o foco está em projetos que preservem e fortaleçam a imagem de Michael, como Xscape e Thriller 40. Comunicar-se sobre materiais de baixo impacto não se alinha com essa estratégia.
A relevância das fitas
Mesmo sendo cópias, essas fitas têm valor histórico, especialmente para os fãs mais dedicados. Elas podem conter versões alternativas, takes inéditos ou trechos do processo criativo de Michael Jackson. Descobertas como estas ajudam a compreender a complexidade de sua obra e o vasto volume de músicas que ele criou, mas que nunca chegaram ao público.
Curiosidade ou marco histórico?
O caso dessas fitas ilustra um dilema recorrente no legado de Michael Jackson: o que deve ser lançado oficialmente e o que permanece como curiosidade para fãs hardcore? Enquanto o espólio e a Sony Music focam em projetos com apelo comercial, materiais como essas fitas acabam caindo em um limbo.
Por enquanto, o destino dessas gravações permanece incerto. Gregg Musgrove não pode utilizá-las comercialmente sem enfrentar consequências legais, mas sua existência é mais uma prova de que o legado de Michael Jackson ainda guarda segredos que talvez um dia sejam revelados.
[informações também foram verificadas com base em “For the Record”, de Cris Cadman]
