Em 1996, o mundo parou para assistir a um espetáculo de cores, ritmos e resistência no coração de Salvador. Michael Jackson, o maior astro pop do planeta, desembarcava na Bahia com uma missão ousada: dar voz ao grito dos esquecidos.

No clipe de They Don’t Care About Us, o Pelourinho virou palco, os tambores do Olodum viraram protagonistas, e crianças que nunca tinham sido vistas pela televisão global tornaram-se símbolos de um povo que resiste através da arte. Quase três décadas depois, o Jornal Nacional decidiu revisitar essa história no episódio inaugural da série especial “JN em Família”, e o reencontro foi de arrepiar.

Dois nomes saltaram do passado como notas que ecoam além do compasso: Bira Jackson e Jeison Wilde. Na época, Jeison era apenas uma criança entre centenas de rostos curiosos e esperançosos, batendo tambor ao lado de Michael. Hoje, é mestre em educação musical e pedagogo, usando o que aprendeu na infância para transformar o futuro de outras crianças. Bira, por sua vez, continua sendo tambor, ritmo e farol — agora liderando projetos sociais que moldam destinos. Ambos são testemunhos vivos de que aquele dia foi mais do que um clipe. Foi uma semente.

“Aquele momento não foi apenas arte. Foi educação, foi identidade, foi afirmação”, disse Jeison ao reencontrar as câmeras da Globo. Sua história, que começou com uma batida no tambor, hoje reverbera em salas de aula e palcos educativos, provando que cultura é sim um caminho legítimo de ascensão e propósito.

Quando Michael escolheu o Pelourinho para gritar “They Don’t Care About Us”, talvez ele soubesse que não estava apenas criando um videoclipe. Estava construindo pontes:

Se você ainda não viu o clipe de They Don’t Care About Us gravado no Pelourinho, pare tudo e veja. Ali não há só música. Há denúncia. Há orgulho. Há futuro. E há uma lição poderosa: quando o tambor fala, o mundo escuta.