Era março de 1982 quando David Rowland ingressou na Airmark Corporation, uma empresa especializada em aviação privada para clientes milionários no sul da Califórnia. Localizada em Burbank, a companhia tinha como missão garantir viagens confortáveis, discretas e seguras para celebridades e empresários. Mas nenhuma experiência foi tão marcante quanto aquela que começou em julho de 1984: a Victory Tour de Michael Jackson e seus irmãos.

A Victory Tour foi mais que uma turnê — foi um fenômeno cultural. E coube à Airmark a responsabilidade de transportar os irmãos Jackson em um Boeing 707 adaptado. Em cada voo, havia no máximo dez passageiros. Tudo era feito com cuidado, confidencialidade e atenção absoluta à segurança. Mas mesmo os planos mais bem organizados não podiam prever o que aconteceu em Vancouver.

Durante uma das paradas da turnê no Canadá, dois adolescentes conseguiram invadir o avião dos Jacksons enquanto ele estava estacionado na rampa. A polícia foi chamada imediatamente e fez uma varredura completa na aeronave, com direito a cães farejadores e procedimentos de segurança intensos. O susto foi grande, mas a situação logo se revelou inesperadamente inofensiva.

Os jovens não queriam causar danos. Tudo o que desejavam era ver Michael Jackson de perto. A devoção dos fãs ao Rei do Pop era tão intensa que os levou a correr riscos sérios, apenas para se aproximar de seu ídolo. David Rowland lembra-se do episódio com clareza: ele se encontrou com o pai de um dos garotos, um homem visivelmente angustiado e temeroso das possíveis consequências legais da invasão.

Surpreendentemente, a resposta dos envolvidos foi de empatia. A equipe da Airmark decidiu não fazer nenhuma denúncia. E quando o caso foi comunicado a Bill Bray, chefe de segurança de Michael Jackson, a reação foi ainda mais inusitada: eles acharam graça da situação e, como gesto de generosidade, ofereceram ingressos gratuitos aos adolescentes.