De 'Speed Demon' a 'California Raisins': Michael virou uva-passa dançante | MJ Beats
Boneco em claymation de Michael Jackson ao lado dos personagens California Raisins no comercial de 1989, com cenários roxos e atmosfera de show.

De ‘Speed Demon’ a ‘California Raisins’: Michael virou uva-passa dançante

Em setembro de 1989, a televisão americana viveu um dos momentos mais improváveis – e deliciosos – da publicidade. Claymation, o estilo de animação em massinha que já era sucesso com os California Raisins, ganhou uma versão inédita: o Rei do Pop transformado em boneco dançante.

O detalhe que pouca gente sabe: foi o próprio astro quem ligou para Will Vinton, criador dos Raisins, dizendo que era fã dos bonequinhos. A conversa terminou com a proposta inusitada – “devíamos fazer de você uma uva-passa” – e Michael adorou. Ele não só topou, como mergulhou nos bastidores: desenhou o alter-ego, aprovou figurino, coreografou passos e revisou até gestos de sobrancelha. Cobrou apenas um valor simbólico, que acabou sendo doado para caridade.

O “Michael Raisin” carregava todos os sinais da era Bad: a luva brilhante, o cinto de tachinhas, a fita nos dedos, os gritinhos inconfundíveis. E não era a primeira vez que ele se arriscava nesse estilo – no ano anterior, já havia aparecido em massinha no segmento Speed Demon, de Moonwalker.

O comercial estreou primeiro nos cinemas, exibido em milhares de salas nos EUA, antes de chegar à TV em setembro. A recepção foi imediata: fãs se divertiram, a crítica aplaudiu e a campanha das passas atingiu seu auge cultural. Até quem não ligava para propaganda parava para ver o Rei do Pop se transformar em passinha.

Havia, claro, bastidores curiosos: por contrato com a Pepsi, Michael não podia cantar. A solução foi trazer Kipp Lennon para imitar sua voz nos trechos musicais, enquanto o próprio MJ gravou apenas a fala final: “Uau, devo ter comido algo estragado!”. Para o público, porém, parecia que era ele cantando I Heard It Through the Grapevine.

No fim, o “Michael Raisin” foi mais que uma jogada de marketing. Foi um retrato da época em que publicidade, música e cultura pop se encontravam sem fronteiras – e de como Michael sabia brincar com sua própria imagem sem perder a aura de gênio. Uma uva-passa dançante, sim – mas também um lembrete de que até o Rei do Pop curtia rir de si mesmo.