A manhã do dia 14 de outubro de 1993 foi marcada por uma cena que poucos esqueceram. Em frente ao luxuoso Hotel Sheraton Mofarrej, em São Paulo, milhares de fãs se aglomeravam nas calçadas com um único propósito: ver, nem que fosse por um instante, o homem que mudara a história da música. Michael Jackson estava no Brasil. E no dia seguinte, 15 de outubro, ele subiria ao palco do Estádio do Morumbi para o aguardado espetáculo da turnê Dangerous — o show que muitos chamariam de o show do século.
Desde cedo, os gritos ecoavam pela avenida. Jovens com faixas, bandeiras e camisetas do ídolo se amontoavam, tentando captar qualquer movimento atrás das janelas do hotel. O calor, a espera e a euforia se misturavam em um mesmo sentimento coletivo: a esperança de um aceno do Rei do Pop. Bastava um gesto, uma aparição breve na sacada, para transformar a multidão em um mar de lágrimas e sorrisos.

Dentro do hotel, o mistério. Poucos tinham acesso aos andares reservados, e cada sombra nas cortinas fazia o público reagir como se o próprio Michael estivesse prestes a aparecer. “Ele vai sair!”, gritava uma fã, enquanto centenas erguiam câmeras e mãos tremendo de emoção. Era uma devoção difícil de explicar, um fenômeno que só artistas como Michael Jackson conseguiam despertar — a mistura perfeita entre idolatria e amor.
Naquela véspera, São Paulo respirava música e expectativa. O show no Morumbi ainda nem havia começado, mas o espetáculo já acontecia nas ruas:




