É a nossa vez! Michael Jackson chega hoje a São Paulo, para dois shows, sexta e domingo no Morumbi | MJ Beats
É a nossa vez! Michael Jackson chega hoje a São Paulo, para dois shows, sexta e domingo no Morumbi | MICHAEL JACKSON NO BRASIL MJ BEATS

É a nossa vez! Michael Jackson chega hoje a São Paulo, para dois shows, sexta e domingo no Morumbi

por Cristina Ralho, 1993

Michael Jackson, em pessoa, chegará no aeroporto às 14h, terminal 2 (isso se o tempo colaborar). Junto com o astro, desembarca um entourage de 19 pessoas — listinha top que contém Liz Taylor. Entre fãs com maços de flores vão esperar o Rei do Pop sair da área-livre e depois seguir num carro com vidro fumê até o hotel, o Mofarrej Sheraton.

O restante do séquito conhecerá a cidade a bordo de Seguranças da Mary Negim. Enquanto ele repousa o esquema de segurança com Polícia Federal vai a mil.

Quem não reconhece Michael? A não ser para driblar os curiosos, ele não precisaria de tanta proteção. No Mofarrej está sendo montado um verdadeiro quartel-general de segurança. A suíte presidencial do Mofarrej, a maior de São Paulo, recebeu desde ontem carpinteiros, decoradores, cozinheiros e paneis. Há um mês foi tomado um salão de festas, todo transformado no quarto de Michael (onde ele pode ver a cidade, banheira de hidromassagem, enormes salas, uma cozinha equipada e tapetes persas).
Michael pretende passar em descanso o quarto e o sábado.

O turista que será explorado pelo pai mentalmente, o mesmo que sonha em dar uma volta de helicóptero com algum amigo e companhia. “Ele adoraria e tem medo de avião”, diz o assessor pessoal de Jackson. Será impossível circular com ele nas ruas, admitiram empresários da turnê. Quando de Michael desceu no Rio, em 1987, foi escoltado por líderes religiosos.

Agora Michael tem de enfrentar as acusações de abuso sexual do garoto Jordan Chandler, de 13 anos. Gente que filmou o astro passando de mãos dadas com o garoto já deduz que ele é culpado. Faz parte do show: quem cobra US$ 12 milhões por show da turnê mundial do Dangerous tem de aturar o troco.

Jackson anda sempre com um grupo de assessores inseparáveis. Jim Morey, coroa de olhos azuis e cabelos grisalhos, é o personal manager de Michael, o tal que cuida da agenda do astro e dá palpites inclusive ilustrados sobre os clipes mais visitados. Bob Jones, crioulão com cara de enfesado, é o porta-voz de Michael há 25 anos, desde que ainda cheirava a batata, cabeludo e era sexualmente molestado pelo pai. Marcel Avram, o organizador da turnê, é branco, cabeludos compridos, meio hippie, pai de rapazes infames. Dizem as más línguas que o melhor esquema é de Avram, tuga bigodinho e bochechas de marinheiro e chassi de touro.

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A suíte de Michael Jackson no Mofarrej Sheraton


Tudo se diz sobre Michael: carente, gay, Peter Pan, assexuado, preto de cara branca, à toa. Liz Taylor, eterna amiga, o defende: “Michael é um anjo, o homem mais justo que eu conheço”. Bob Jones, vice-presidente da MJ Productions, empresa de Michael, foi convidado por ele para assumir o cargo há seis anos, depois de 17 na gravadora Motown. “Eu e Michael conversamos muito sobre sua trajetória fenomenal. Ele ultrapassa culturas e classes sociais”, declara.


O show no Morumbi deve confirmar isso. Michael faz tudo e sempre foi o maior entertainer do mundo. Nas 16 canções do espetáculo, ele faz 12 pausas, provoca suspense, atira o chapéu etc. e derrama umas lágrimas, como em Buenos Aires, sexta passada, depois de tirar uma garota para dançar. Em Dangerous de capa arriscada tem de tudo: de terno e de dia, dá gritinhos e finge thriller; os bailarinos em coreografias dão show e melhor do show.

No palco, técnicos e profissionais de antes de começar, os 60 telões e o Jumbotron dão o recado: “Be Yourself” (Proteja-se, em inglês). Até o show começar, só os Beatles nos 168 tail-loth faturados por jacko: Michael é dono de 260 canções adquiridas em 1985. Mais do que de “Thriller”. Dangerous, Smooth Criminal, Billie Jean (onde um único facho de luz ilumina o talento de Michael) e Black or White (quando uma guitarrista meio pink, meio heavy metal desafia Michael em cena), fica impossível assistir e sair o mesmo. Um espetáculo imperdível.

(Arquivo do acervo de Rodrigo Teaser)