A Era Dangerous tinha todos os elementos para se tornar um dos capítulos mais grandiosos da carreira de Michael Jackson. O ano era 1991, e o mundo recebia de braços abertos o explosivo “Black or White”, um single que dominou as paradas e abriu uma fase planejada para ser ousada e ainda mais cinematográfica. Havia a sensação de que o Rei do Pop estava prestes a reinventar sua própria narrativa mais uma vez.
Com a Dangerous World Tour, iniciada em 1992, Jackson levava ao palco uma produção nunca antes vista. Era o ápice da sua ambição artística: números coreografados com precisão cirúrgica, efeitos especiais que pareciam saídos de outro planeta e a energia de um artista que entendia exatamente o tamanho do seu impacto global. Tudo indicava que essa jornada seria encerrada de forma épica.
O plano inicial era que a Era terminasse em meados de 1994, com a fase final da turnê percorrendo os Estados Unidos e o aguardado lançamento do clipe da faixa-título Dangerous, pensado para ser o grande fechamento dessa fase.
Mas, como todos sabem, em agosto de 1993 sua vida pessoal sofreu um abalo gigantesco com as acusações do Caso Chandler. A repercussão foi devastadora e interrompeu tudo. Turnê cancelada, projetos suspensos e um momento que mudou completamente a trajetória pública de Jackson. O sonho de uma conclusão majestosa da Era Dangerous simplesmente evaporou.
Pouco se fala sobre o que estava realmente planejado para o clipe de Dangerous, mas a ideia sobreviveu de uma forma inesperada. Colaboradores próximos apontam que boa parte do conceito original acabou reaproveitado anos depois em “You Rock My World”, lançado em 2001. Ou seja: o que o público vê no vídeo de You Rock My World seria, na verdade, a base visual originalmente pensada para Dangerous.
E isso faz sentido quando observamos o estilo do clipe: narrativa centrada em Michael entrando em um ambiente noturno, tensão com mafiosos, clima de cinema, diálogos antes da música começar, coreografias em espaços fechados e uma história que se desenvolve como um mini-filme. Tudo isso corresponde ao tom que a produção de Dangerous imaginava entregar na época.
Indo além dessa especulação, o artista visual e produtor musical Quentin Duriez decidiu reconstruir esse universo perdido. Com ajuda da inteligência artificial, ele recriou como poderiam ter sido os bastidores das gravações do suposto clipe de Dangerous.
Duriez não tenta substituir a história, mas preencher um vazio. Sua obra funciona como uma porta para um “e se?”. E se aquele clipe tivesse sido filmado? E se a Era Dangerous tivesse tido o encerramento que merecia? A reconstrução criada por ele devolve vida a um projeto que o mundo nunca viu e lembra o quanto ainda há a ser descoberto sobre os planos criativos de Michael Jackson
Confira:













