“Dangerous” sempre ocupou um lugar especial no imaginário de Michael Jackson, e no de quem esteve ao lado dele nos palcos. Segundo o coreógrafo Lavelle Smith Jr., a música era uma das preferidas de Michael para se apresentar, e também uma das mais excitantes de desenvolver em conjunto. Havia nela algo elétrico, quase instintivo, que o Rei do Pop transformava em movimento com uma precisão que beirava o impossível.
Nos bastidores, Michael e Lavelle discutiam constantemente a mesma ideia: transformar “Dangerous” em um curta-metragem completo, mais sombrio, mais afiado, com aquela tensão de jogo de caça e caçador que ele dominava tão bem no palco. O esboço existiu, as conversas foram longas, e a ambição era grande mas o projeto nunca avançou para a produção devido às falsas acusações que Michael sofreu em 1993, que paralisaram agendas, tiraram o foco criativo e interromperam planos que já estavam em desenvolvimento.
Ainda assim, nada foi perdido. Fragmentos da atmosfera imaginada para o curta ressurgiram anos depois em “You Rock My World”. A estética, a narrativa de sedução e risco, e até o clima urbano carregado de energia eram ecos diretos daquela visão inicial, provando que, com Michael, nenhuma ideia realmente morria.
E mesmo sem vídeo oficial, “Dangerous” acabou se tornando algo ainda maior: a assinatura do que Michael e Lavelle construíram juntos. Linhas precisas, cortes rápidos, movimentos tensos e a adrenalina constante de uma performance que parecia sempre prestes a explodir. Uma obra que nunca virou clipe, mas que encontrou seu lugar definitivo no palco onde Michael era, de fato, imbatível.




