No fim da década de 1970, uma espécie de pânico coletivo contra a disco music tomou conta dos Estados Unidos. O gênero, que dominava rádios, pistas de dança e paradas de sucesso, passou a ser visto como algo superficial e repetitivo por parte do público do rock. Quando nomes consagrados como Rod Stewart e The Rolling Stones aderiram ao som disco em músicas como Do Ya Think I’m Sexy e Miss You, a reação foi imediata. Para os fãs mais radicais, aquilo soou como traição.
Esse incômodo ganhou forma concreta em 12 de julho de 1979, em Chicago. O radialista Steve Dahl, conhecido por sua aversão pública à disco, organizou um evento que entrou para a história no Comiskey Park, durante um jogo entre Chicago White Sox e Detroit Tigers. Com o apoio da rádio WLUP-FM, ele convocou os ouvintes a levarem discos de disco music ao estádio para serem destruídos. O slogan era simples, direto e agressivo: “Disco Sucks”.
O dia em que a disco virou inimiga pública
O que começou como uma ação promocional virou um marco cultural. A explosão dos discos no gramado simbolizou a rejeição em massa não apenas de um gênero musical, mas de tudo o que ele representava para seus críticos. A disco estava associada a clubes noturnos, liberdade sexual, drogas e uma vida noturna diversa. Não por acaso, o movimento foi acusado, ainda na época, de homofobia e intolerância, já que a disco tinha forte ligação com comunidades marginalizadas.

Michael Jackson no centro da virada cultural
É nesse cenário turbulento que surge “Burn This Disco Out”, lançada como a décima e última faixa do álbum Off the Wall, de Michael Jackson. Mesmo sem intenção declarada, o título e o clima da música pareceram dialogar diretamente com o momento histórico. Para muitos, ela soou como um ponto final simbólico em um gênero que, poucos anos antes, dominava o mundo.




