A Polêmica da Victory Tour: Don King, Michael Jackson e a batalha pelos ingressos

Don King, mais conhecido por seu estilo de cabelo “pós-eletrochoque” e por organizar lutas de campeonato de boxe, assumiu o gerenciamento do Victory Tour, a emblemática turnê dos Jacksons.

King foi responsável por negociar um acordo significativo com a Pepsi-Cola, garantindo um patrocínio de 5 milhões de dólares, dez vezes mais do que os Rolling Stones haviam recebido da mesma empresa para sua turnê de 1981. Michael Jackson inicialmente resistiu à ideia, alegando que não consumia refrigerantes, não precisava do dinheiro e não queria participar de um comercial. No entanto, a pressão da família fez com que ele acabasse aceitando o acordo.

O verão de 1984 foi marcado por um problema mais grave: a ganância descontrolada do pai de Michael e de seus irmãos, incentivada por Don King. Joe Jackson e King decidiram que os ingressos para os shows do Victory Tour seriam vendidos por trinta dólares cada, apenas por correio e em lotes de quatro ingressos. Naquela época, o preço mais alto de ingressos para shows de Bruce Springsteen e dos Rolling Stones era de dezesseis dólares por pessoa.

A notícia de que apenas quem pudesse desembolsar pelo menos 120 dólares poderia assistir aos shows dos Jacksons gerou indignação. A mídia acusou a banda de extorsão, e a decisão chocou e enfureceu o núcleo de fãs do grupo: jovens das áreas mais pobres do centro da cidade. Michael se opôs veementemente aos altos preços dos ingressos e ao método de venda, mas foi derrotado em uma votação familiar de cinco a um.

Como estrela da turnê, Michael Jackson sentiu o impacto da publicidade negativa. Diante das críticas crescentes, ele não teve escolha a não ser ameaçar os irmãos e Don King, declarando que não se apresentaria se eles se recusassem a reduzir os preços dos ingressos.

A pressão funcionou, e pouco depois, o preço dos ingressos foi ajustado. Em um gesto de generosidade, Michael anunciou que doaria todo o seu cachê da turnê para instituições de caridade, distribuindo aproximadamente 5 milhões de dólares entre o United Negro College Fund, uma fundação de pesquisa sobre câncer e o Camp Ronald McDonald for Good Times.

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Essa decisão não apenas ajudou a aliviar a pressão da opinião pública sobre ele, mas também destacou o compromisso de Michael Jackson com causas filantrópicas. Enquanto Don King e os irmãos Jackson buscavam maximizar os lucros, Michael usou sua influência para fazer a diferença, demonstrando que sua prioridade era sempre fazer o bem, mesmo diante de desafios e controvérsias.

A Victory Tour permanece uma lembrança complexa na carreira de Michael Jackson. Embora tenha sido um sucesso financeiro, a turnê também evidenciou as tensões dentro da família Jackson e a luta de Michael para manter seus valores e integridade.

A polêmica em torno dos ingressos serviu como um lembrete de que, mesmo sob pressão, Michael Jackson sempre procurou usar sua plataforma para causas maiores, reafirmando seu legado não apenas como um artista fenomenal, mas também como um filantropo dedicado.

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