Por Andréa Luisa Bucchile Faggion;
Originalmente publicado na coluna “Amém”, Edcyhis (Junho de 2002);
Republicação adaptada pela MJ Beats.
Após meses de silêncio — o que gerou inúmeras especulações —, finalmente o Rei do Pop falou publicamente sobre seus conflitos com a gravadora Sony Music.
Antes tarde do que nunca, como diz o ditado.
No entanto, o fato de Michael só agora vir a público denunciar o boicote imposto à promoção de Invincible — seja lá qual tenha sido o motivo da demora — acabou, de certa forma, facilitando a defesa da gravadora.
Antes mesmo do lançamento, a imprensa já tratava Invincible como um momento crucial na carreira de Michael.
Ainda que injustamente, HIStory e Blood on the Dance Floor haviam sido rotulados como fracassos comerciais.
Assim, mais um “fracasso” seria visto como a prova definitiva de que Michael não conseguia mais se comunicar com o público atual.
Hoje, Invincible é, do ponto de vista comercial, um projeto encerrado — e é nesse contexto que Michael resolveu expor suas denúncias contra a gravadora.
Era de se esperar que a imprensa — sempre disposta a adotar um tom desfavorável a Michael — interpretasse isso como uma desculpa para justificar as vendas modestas do álbum.
Mas os fãs, que acompanham Invincible desde os tempos em que o projeto ainda estava “em gestação”, sabem que não é esse o caso.
Não foi o desempenho de Invincible que provocou o rompimento entre Michael e a Sony — foi justamente o contrário.
Michael saiu da Sony levando consigo 100% da sua participação no catálogo de direitos autorais firmado com a gravadora em 1995 — o que inclui, por exemplo, boa parte da obra dos Beatles.
Alguém acredita que a Sony permitiria que Michael saísse pela porta da frente — e com um álbum de sucesso embaixo do braço?
O chamado “fracasso” de Invincible nada mais foi do que o preço pago por Michael por sua liberdade.
“Agora eu sou um agente livre.” — declarou ele.
Quem compreende o verdadeiro espírito da arte — ou simplesmente entende o que realmente tem valor na vida — sabe o peso dessas palavras.
Talvez, com uma postura diferente, Michael pudesse hoje estar novamente no topo das paradas globais.
Mas ele optou por nos lembrar que um escravo de sucesso ainda é um escravo.
Agora resta a pergunta:
Será que ele conseguirá retornar ao topo com um novo álbum?
Será que a Sony conseguirá se vingar?
Por enquanto, ninguém tem essas respostas.
Mas há uma certeza:
Aos 43 anos, Michael Jackson finalmente é dono de seu próprio destino.
[*] Este texto foi adaptado para refletir os valores e diretrizes atuais, com o objetivo de preservar sua relevância e respeito ao público contemporâneo.