“Little Susie” é outro testamento do alcance e profundidade de Michael Jackson como artista. Muitos críticos ficaram simplesmente perplexos que uma “miniópera” sobre um assunto tão sombrio pudesse aterrissar em um álbum pop.
Para Jackson, entretanto, a razão para “Little Susie” era muito simples: ele acreditava que era uma grande obra. Viabilidade comercial ou a expectativa da audiência não importa. O que importava era a conexão pessoal, a história, a melodia. O Rei do Pop tinha, na verdade, escrito e gravado uma versão da música mais de quinze anos antes, em 1979. Ele trabalhou algumas vezes ao longo dos anos até finalmente concluir em 1994 com Brad Buxer.
Enquanto “Little Susie” continua, em maior parte, desconhecida, ela é uma das mais singulares músicas em todo o catálogo de Michael Jackson. “Se ele tivesse decidido deixar de ser um cantor pop”, escreveu o josnalista Anthony Wynn, “esta música prova que ele poderia compor músicas para filmes e, seriamente, vencer Oscars por isso. Ela é triste, sinistra, bela”.
Na verdade, “Little Susie” reafirma a substancial habilidade dele como compositor. Apresentando uma orquestra estilo Broadway e acordes emprestadas de “Sunrise, Sunset” do Fiddler on the Roof, a música começa com o segmento “Pie Jesu” da magistral obra prima de Maurice Duruflé, Requiem OP.9. Depois do interlúdio, a voz de uma garotinha (cantada por Markita Prescott) cantarola uma melodia simples ao som de uma caixa de música. O efeito é tanto encantador quanto perturbador.
Esta canção comovente e profundamente triste é baseada em uma história verdadeira. De acordo com Chris Cadman, autor do livro Michael Jackson – The Maestro (2013), o tema da música é derivado de uma notícia terrível do início dos anos 1970.
A música narrada tem sido considerada uma das mais tocantes performances vocais de Jackson. Em vívidos (frequentemente horripilantes) detalhes, nós sabemos sobre uma garota órfã, que morre de negligência (e provável abuso):
“Little Susie” é, possivelmente, uma das músicas mais angustiante que Michael já cantou. E a ressonância dela atinge ainda mais profundamente, dado alguns dos paralelos com a vida e a sua morte trágica.
por Joseph Vogel