Michael Jackson não era apenas um artista; ele era um alquimista da música, um visionário obcecado pela perfeição. Conta-se que, muitas vezes, ele chegava a dormir no estúdio, incapaz de desligar sua mente criativa.
O Rei do Pop se referia às suas canções como “bíblicas” quando sentia que tinha nas mãos um hit. Mas, ao contrário de muitos que sentem a emoção de uma criação terminada e logo a liberam ao mundo, Michael não era assim. Ele trabalhava incessantemente, lapidando cada detalhe de suas músicas.
O processo criativo de Michael não se limitava à composição de uma canção; ele era um arquiteto da música, manipulando cada som, cada acorde, como um escultor diante de uma obra-prima inacabada. Para ele, uma música nunca estava realmente pronta.
Mesmo quando já havia dedicado horas, semanas, meses ou até anos em uma única faixa, ele ainda sentia que algo mais podia ser feito. E era justamente nesse momento, quando tudo parecia estar no lugar, que começava seu maior dilema: os cortes. A decisão de remover um acorde, uma melodia, um vocal ou um baixo era como cortar um pedaço de sua própria alma.
No álbum HIStory: Past, Present and Future – Book I, esse processo foi exaustivo. Durante a década de 90, os CDs tinham uma capacidade limitada de 77 minutos, e Michael desejava atingir esse limite ao máximo. Cada faixa foi trabalhada com tanto esmero que qualquer corte parecia uma traição à própria arte.
Uma das canções mais emblemáticas desse álbum é They Don’t Care About Us, um hino que se tornou um símbolo de resistência e denúncia. O que poucos sabem é que, nas versões finais, Michael convocou o coro gospel de Andraé Crouch para gravar uma parte monumental da música.
Os vocais poderosos e emocionantes enchiam o estúdio de uma energia quase espiritual, enquanto Michael, com precisão cirúrgica, orientava cada nota. O resultado era eletrizante.
Acompanhe:
No entanto, essa parte não foi incluída no corte final da música. Foi uma decisão que, sem dúvida, o atormentou, mas que se tornou necessária para respeitar os limites físicos do álbum.
Contudo, para a alegria dos fãs, essa visão incompleta de Michael foi finalmente realizada em 2011, no álbum IMMORTAL, quando o remix produzido por Kevin Antunes trouxe à tona o tão esperado coral:
A dedicação incansável de Michael Jackson à sua arte é um lembrete de que a verdadeira grandeza não conhece limites. Para ele, a música era mais que entretenimento; era uma missão sagrada, uma busca interminável pela perfeição.
E é por isso que sua obra continua a inspirar, impactar e emocionar milhões ao redor do mundo.