Quando Michael Jackson e Janet Jackson uniram forças para criar Scream, o resultado não foi apenas um videoclipe, mas uma declaração artística que marcou a década de 90.
Lançado em 1995, o vídeo continua sendo o mais caro da história da música, com um custo estimado em 7 milhões de dólares. Dirigido por Mark Romanek, a superprodução não apenas revolucionou o conceito de videoclipes, mas também deu aos irmãos Jackson uma plataforma para expressar emoções viscerais em meio ao futurismo e à grandiosidade.
Nos bastidores, a magnitude da produção era evidente. Filmado em múltiplos estúdios e com uma equipe que parecia quase uma pequena cidade, o set estava sempre em movimento.
De acordo com o fotógrafo Steven Paul Whitsitt, que documentou o processo, a vibração intensa e o número de pessoas envolvidas recordavam a energia de outra produção colossal de Michael: Black or White. No entanto, Scream se destacou pela precisão cirúrgica e pela forma como cada detalhe era meticulosamente planejado para criar algo revolucionário.
O clipe foi a resposta artística de Michael à perseguição midiática que enfrentava na época. Com cenários monocromáticos e uma estética futurista, Scream é uma performance carregada de emoção crua. Apesar disso, há um contraste fascinante entre a raiva expressa na tela e a serenidade de Michael quando a câmera parava de rodar.
Whitsitt descreve Michael no set como alguém reservado e introspectivo, mas que, ao ouvir “ação”, se transformava instantaneamente, explodindo em energia como “nitroglicerina pura”. Era o Rei do Pop em sua forma mais poderosa.
O processo de filmagem foi tão intenso quanto a emoção transmitida no vídeo. Cada cena era gravada de quatro a dez vezes!. Mark Romanek, famoso por seu perfeccionismo, trouxe sua reputação lendária como diretor de videoclipes para elevar Scream a outro patamar. O trabalho foi uma verdadeira colaboração entre a visão criativa de Romanek e a maestria performática de Michael e Janet.
Além da técnica, Scream carrega um simbolismo profundo. É a personificação de uma luta contra a opressão e uma mensagem de resiliência. Michael e Janet, juntos, canalizaram sua frustração em uma obra que foi ao mesmo tempo uma catarse pessoal e um grito coletivo para aqueles que se sentem sufocados pelas pressões externas. A dualidade do clipe – raiva e beleza, simplicidade e grandiosidade – solidifica seu lugar como um marco na história da música.
Mais do que um videoclipe, Scream é um testemunho da genialidade de Michael Jackson e de sua capacidade de transformar dor em arte. Décadas depois, permanece inigualável, tanto como uma obra-prima visual quanto como uma declaração de que, mesmo sob os holofotes mais implacáveis, a verdadeira arte encontra uma maneira de brilhar.