Em 1986, um encontro inesperado entre o Rei do Pop e os pioneiros do hip-hop quase resultou em uma colaboração que poderia ter mudado o curso da música popular. Michael Jackson, sempre visionário, convidou o Run DMC para compor uma canção que ele pudesse cantar, algo que refletisse a dura realidade da época: o impacto devastador das drogas.
A canção, que recebeu o título provisório de “Crack Kills”, prometia ser uma fusão poderosa do pop sofisticado de Jackson e a crueza do rap de Run DMC.
A ideia veio de Quincy Jones, o lendário produtor que estava por trás de sucessos como Off The Wall, Thriller e Bad. Em sua autobiografia, Quincy relembra o projeto com um misto de entusiasmo e frustração: “Eu queria fazer uma faixa contra as drogas, com o Run DMC e o Michael. O grupo apareceu no Westlake Studios várias vezes, prontos para gravar, mas Michael estava em dúvida se o rap seria uma boa opção, e ele não era o único.” A hesitação de Jackson era compreensível. O rap ainda estava ganhando espaço na indústria musical e integrá-lo ao seu estilo único seria um desafio.
Apesar das dúvidas, as sessões de gravação começaram. O rapper e produtor DJ Hurricane, também conhecido como Cante Fite, recorda os bastidores desse momento histórico. “O Run DMC fizeram suas vozes, Jason Mizell fez a batida e eu escrevi o refrão de Mike na demo para que eu pudesse ouvir como era… Mike gostava da música, mas queria que fosse uma colaboração, então nós voamos para a Califórnia.” A expectativa era alta, mas o inesperado sempre acontecia quando Michael estava por perto.
Uma das memórias mais curiosas dessas sessões envolve Bubbles, o famoso chimpanzé de Jackson. DJ Hurricane relembra com humor o incidente: “Mike entrou no estúdio com o macaco Bubbles e preparou uma refeição no chão como se fosse um piquenique. Bubbles foi um pouco agressivo e pulou em direção a Jay. Jay ficou com medo e empurrou-o de volta. Mike agarrou Bubbles e disse: ‘Não, Bubbles!'”.
Infelizmente, “Crack Kills” nunca foi finalizada e permanece trancada nos vastos arquivos de canções inéditas de Michael Jackson. No entanto, o manuscrito da canção, escrito à mão por Michael:
